Governo define estratégia para enfrentar greve

  • 05/11/2015

Governo e mercado financeiro começaram a manifestar preocupação com os rumos da paralisação dos empregados da Petrobras. O assunto foi a pauta central dos relatórios de ontem dos principais bancos de investimento, que advertem para impacto do movimento grevista na execução do plano de venda de ativos da estatal e sobre sua capacidade de fazer caixa. Após forte alta na terça-feira, as ações preferenciais da Petrobras caíram 4,71% ontem e as ordinárias, 6,34%.

A presidente Dilma Rousseff pediu a seus auxiliares que tentem se antecipar aos impactos da greve dos petroleiros, que têm entre suas reivindicações a suspensão da venda de ativos da Petrobras. O governo pretende alinhar um discurso para convencer os funcionários de que as vendas não representam dilapidação de patrimônio, mas operações que podem até ser revertidas no futuro. Dilma deixou claro que o governo não pretende voltar atrás na decisão de vender ativos.

O assunto foi debatido, na terça-feira, na reunião de coordenação política do governo, na qual manifestou-se também preocupação com a possível greve dos caminhoneiros, anunciada para a próxima semana, pelo efeito que pode ter no abastecimento da população. A ideia é mobilizar a Advocacia-Geral da União e a Polícia Rodoviária Federal para impedir a interrupção do tráfego em rodovias.

Segundo relatório divulgado pelo Banco HSBC, a paralisação compromete mais a venda de ativos e a capacidade de financiamento da Petrobras do que a produção. A companhia precisa levantar de US$ 79 bilhões entre 2016 e 2019 para reduzir sua dívida.

O Bank of America Merrill Lynch considera que um dos riscos da greve é que a Petrobras demore a recuperar os níveis anteriores de produção após as paralisações nas plataformas. A Brasil Plural calcula que a interrupção da produção deve provocar uma perda diária de receita entre US$ 15 milhões e US$ 18 milhões.

Segundo o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, até agora 47 unidades marítimas – incluindo plataformas, sondas e unidades de manutenção e serviço – aderiram à greve. Entre as plataformas, 28 já estariam com a produção totalmente parada. Em nota, a estatal admitiu uma queda de 6,5% na produção ontem, equivalente a 140 mil barris de petróleo, devido à paralisação.

Fonte: Valor Econômico – André Ramalho, Rodrigo Polito, Camila Maia, Bruno Peres e Andrea Jubé
05/11/2015|Seção: Notícias da Semana|Tags: |