Loh Chin Hua, executivo-chefe da Keppel, disse que a confiança no Brasil foi abalada por “uma série de crises” em 2015. A construtora de plataformas e sondas informou baixa de US$ 160 milhões no quarto trimestre , em projetos com a Sete Brasil.
Os contratos em aberto com a Sete Brasil, empresa de leasing encarregada de fornecer navios-sonda para a estatal brasileira, valem cerca de US$ 4 bilhões para a Keppel. A divisão offshore e marítima da empresa tem atualmente uma carteira líquida de pedidos de 9 bilhões de dólares de Cingapura, a mais baixa desde 2010.
A empresa de Cingapura não recebe há mais de um ano pagamentos de Sete Brasil relativos às encomendas de seis navios-sonda, com valor equivalente a 6 bilhões de dólares de Cingapura. A Keppel desacelerou a construção das plataformas em 2015, após cessarem os pagamentos, e parou completamente os trabalhos no fim do ano.
A Keppel foi afetada pelo mergulho do preço do petróleo e informou que o lucro líquido referente ao ano inteiro caiu 19%, para 1,525 bilhões de dólares de Cingapura. O lucro líquido no trimestre, até 31 de dezembro, caiu 44% para 405 milhões de dólares locais. O grupo, que também tem negócios nas áreas de construção civil e infraestrutura, anunciou um dividendo de 22 centavos de dólar por ação, abaixo dos 36 [centavos da moeda local, por ação] em 2014.
Loh Chin Hua, executivo-chefe da Keppel, disse que a confiança no Brasil foi abalada por “uma série de crises” no ano passado, em referência ao escândalo de corrupção na empresa brasileira. Executivos da Petrobras são acusados de conspirar com empresas de construção para obter propinas em troca de contratos para construção de infraestrutura petrolífera. Tanto a Keppel como a Sembcorp Marine, outra construtora de plataformas de Cingapura com ações negociadas em bolsa, negam a participação em tais esquemas.
Ele afirmou que “nosso entendimento é de que o conselho de administração da Sete em breve se reunirá para discutir planos futuros para a empresa. Ainda não está claro quando a decisão final será tomada”. “Até que sejamos notificados oficialmente pela Sete e que a situação e as opções disponíveis para nós tornem-se mais claras, as medidas acima, em nossa opinião, são sensatas e adequadas”, disse.
Analistas sugerem que o prejuízo potencial de Sete Brasil como cliente provavelmente terá um impacto maior sobre a Sembcorp Marine, pois a companhia investiu fortemente em uma nova infraestrutura no Brasil ao longo dos últimos anos.
Em nota aos clientes, neste mês, Si Xian Goh, um analista no Citi, disse: “Os pedidos da Sete Brasil representam cerca de 40% da carteira de pedidos da Keppel e da Sembcorp Marine, e portanto, num cenário de pior caso, poderíamos ver baixas contábeis significativas em sua carteira de pedidos e uma reversão dos lucros contabilizados em relação às primeiras três a quatro unidades, que estão entre parcialmente e substancialmente concluídas”.
A Keppel e a Sembcorp Marine são duas das maiores construtoras mundiais de plataformas do tipo “jackup”, utilizadas para abertura de poços para extração de petróleo em águas rasas.