A japonesa IHI Corporation deixou a sociedade com os grupos Camargo Correa e Queiroz Galvão no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Pernambuco.
Segundo antecipou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor na sexta-feira, o grupo japonês não estava querendo acompanhar os sucessivos aportes de capital que os sócios estavam precisando fazer para sustentar as necessidades de caixa da empresa, que enfrenta dificuldades com seus dois únicos clientes – a Sete Brasil e a Transpetro.
Uma fonte próxima da empresa disse que a saída do grupo japonês estava sendo negociada desde o fim do ano passado. Com perfil conservador, o grupo estava insatisfeito com o envolvimento da Camargo Correa e da Queiroz Galvão na Operação Lava-Jato e falta de perspectivas paras os problemas operacionais do EAS, que demitiu mais de 3 mil pessoas em Pernambuco desde o início da Operação Lava-Jato. A empresa já chegou a empregar no Estado quase 6 mil pessoas.
O grupo IHI no Brasil disse que “não está comentando as informações”. O Estaleiro Atlântico Sul disse que “por questões contratuais, a empresa não comenta”.
O cenário, que já era difícil, ficou pior quando a Transpetro, subsidiária da Petrobras, reduziu de 22 para onze as suas encomendas de navios gaseiros ao estaleiro, em dezembro. As embarcações faziam parte do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), que soma 49 navios. Uma fonte disse que as duas empresas estão avaliando a possibilidade de retomar o contrato. O EAS entregou sete embarcações à Transpetro.
A IHI entrou no capital do Estaleiro Atlântico Sul em 2013, substituindo a coreana Samsung como parceiro tecnológico do empreendimento. Os japoneses compraram, inicialmente, 25% do capital do EAS, fatia que depois foi ampliada para 33%.
Segundo balanço do EAS mais recente disponível, referente ao ano de 2014, o estaleiro tinha dívida líquida de R$ 2,2 bilhões. Naquele ano, a empresa registrou prejuízo de R$ 329,63 milhões, mais que o dobro do ano anterior. A empresa tinha patrimônio líquido de R$ 20 milhões.