O presidente do SINAVAL, Ariovaldo Rocha, encaminhou ao Presidente em Exercício Michel Temer sugestões para a recuperação da indústria da construção naval:
Excelentíssimo Senhor
Presidente Michel Temer
DD. Presidente em Exercício da República Federativa do Brasil
Brasília – DF
Rio de Janeiro, 17 de maio de 2016
Senhor Presidente:
O SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE (SINAVAL), em seu papel institucional de Entidade de Classe representativa desta indústria em âmbito nacional, tem a honra de apresentar a Vossa Excelência, como contribuição ao novo Governo, um conjunto de informações e sugestões de providências no intuito de serem proporcionadas à Indústria Naval e Offshore brasileira as condições indispensáveis a sua recuperação e desenvolvimento sustentável, no novo cenário que se apresenta ao País.
Para melhor ordenamento do assunto, as ações governamentais necessárias que nos permitimos sugerir estão relacionadas no Anexo 1 a esta correspondência. Pela importância deste segmento industrial na economia brasileira em termos de desenvolvimento tecnológico, geração de empregos qualificados e distribuição de renda, fica justificado nosso pleito de um tratamento e uma atenção especiais por parte do Governo de Vossa Excelência.
Ressaltamos, por oportuno, a empregabilidade proporcionada pela Indústria Naval e Offshore, segmento industrial de mão de obra intensiva e gerador de renda, com a evolução de 2 mil empregos em 2003 para 82 mil em 2014 e queda para 49 mil em abril/2016. (Anexo 2).
Referimo-nos, finalmente, ao estudo “Avaliação da Capacidade do Estaleiro Brasil”, apresentado ao Ministério de Minas e Energia pelo SINAVAL, tratando da capacidade ociosa dos estaleiros brasileiros já a partir de 2017 (Anexo 3).
Colocando-nos à inteira disposição para quaisquer informações adicionais para aprofundamento do assunto, de alta relevância para o Brasil, valemo-nos da oportunidade para apresentar a Vossa Excelência nossas afirmações de apreço e consideração.
Respeitosamente,
Ariovaldo Rocha
Presidente
Anexo 1
SUGESTÕES DE PROVIDÊNCIAS GOVERNAMENTAIS
PARA RECUPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
DA INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE BRASILEIRA
- Manutenção dos incentivos fiscais nos fornecimentos para a Indústria Naval e Offshore.
- Manutenção e aperfeiçoamento da política pública de preferência local nos fornecimentos de navios, plataformas de produção de petróleo e seus módulos e sondas de perfuração para a Petrobras. Extensão dessa política pública aos fornecimentos desses bens a empresas petrolíferas estrangeiras com atuação no Brasil. Proposta do Senador José Serra de fim do Operador Único (Petrobras) na exploração e produção de petróleo e gás natural.
- Alteração da Resolução nº. 3828 do Conselho Monetário Nacional / BACEN que estabelece as regras de carência e amortização das operações realizadas com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM): prorrogação da carência para 6 (seis) anos e do prazo de amortização dos financiamentos para 30 (trinta) anos.
- Manutenção, aperfeiçoamento e ampliação do alcance do Fundo de Garantia da Construção Naval.
- Desoneração da Folha de Pagamentos das empresas.
- Garantia de recursos ao Fundo da Marinha Mercante para ampliação da construção local de navios. Celeridade na liberação dos recursos pelos agentes financeiros do Fundo (BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) para a construção. Flexibilização das garantias exigidas pelos agentes financeiros.
- Retomada da construção de sondas no Brasil, hoje interrompida.
- Retomada da demanda por navios de Apoio Marítimo construídos no Brasil para a Petrobras. Manutenção em contrato com a Petrobras dos navios já construídos por estaleiros nacionais sob o programa PROREFAM com contratos de afretamento por 8 (oito) anos, renováveis por igual período, que atualmente têm sido sistematicamente encerrados pela Petrobras nos primeiros 8 (oito) anos.
- Preservação do PROMINP (Programa de Mobilização da Indústria de Petróleo e Gás Natural), criado em 2004, com benefícios para a cadeia produtiva da Indústria Naval e Offshore.
- Ajuste, pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), nos índices exigidos para cumprimento por parte dos operadores e fornecedores. O SINAVAL encaminhou estudo à ANP, sugerindo flexibilização nos índices e agrupamento de algumas famílias de materiais e equipamentos.
- Aperfeiçoamento do PEDEFOR – Programa de Estímulo à Competitividade da Cadeia Produtiva, ao Desenvolvimento e ao Aprimoramento de Fornecedores do Setor de Petróleo e Gás Natural. O programa é administrado pelos agentes Casa Civil, Ministério da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ministério de Minas e Energia, Ministério da Ciência e Tecnologia, ANP, BNDES e FINEP, e ainda está em fase de implantação.
- Inserção dos bancos privados como agentes financeiros do Fundo da Marinha Mercante para liberação de recursos de investimento.
- Atuação efetiva da ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) como Agência Reguladora no cumprimento das regras de afretamento para o apoio marítimo, conforme determina o marco regulatório do setor (Lei nº. 9.432/97), exercendo-se a prioridade de emprego das embarcações de bandeira brasileira.
- Manutenção e aperfeiçoamento do REPETRO, regime aduaneiro especial que permite a importação de equipamentos específicos para serem utilizados diretamente nas atividades de pesquisa e lavra de petróleo e gás natural.
Anexo 2 – Estatística do emprego gerado em estaleiros Brasileiros
Anexo 3 – Apresentação Avaliação da Capacidade do ESTALEIRO BRASIL