A indústria naval brasileira cortou 2,5 mil empregos entre janeiro e maio deste ano, de acordo com levantamento do Sinaval. Na região Sudeste, os cortes atingiram mais de 4,7 mil trabalhadores no período.
A perda do emprego reflete a interrupção das operações de diversos estaleiros no Rio de Janeiro — movimento que continuou se intensificando nos meses subsequentes.
Em janeiro, o Sudeste tinha 24 mil trabalhadores na indústria naval, mas esse número caiu para 19,5 mil em maio. A região segue como o maior empregador, com 40% das vagas no fim do período, ante 47% em janeiro. Outras regiões criaram 2,2 mil empregos no período, em especial no Norte, onde esse número cresceu de 8,3 mil para 9,6 mil empregos.
O mais recente caso no Rio de Janeiro foi do estaleiro Vard, em Niterói, que devolveu a área que arrendava no município depois de concluir seus últimos projetos (um AHTS para a DOF e um gaseiro para a Transpetro). A empresa decidiu concentrar suas operações brasileiras no Promar, em Pernambuco, que foi construído em um momento de grande expectativa em relação às demandas de construção naval no Brasil.
A estratégia agora é ficar o menos exposto possível ao cenário nacional.
Outros casos de estaleiros que estão sem atividades de construção em andamento são o Aliança e o Eisa Petro Um (antigo Mauá), além do Brasa, em Niterói, que concluiu seu último projeto de integração (do FPSO Cidade de Saquarema) recentemente.
O Aliança pertence ao grupo CBO, que investiu na construção do estaleiro Oceana em Itajái (SC), capaz de entregar seis embarcações por ano — o dobro da capacidade da planta de Niterói. Atualmente, o Oceana tem três AHTSs na carteira; já o Aliança vai encerrar as atividades após a entrega de um PSV.
O caso do Eisa Petro Um é mais complicado. Protagonista do Promef, da Transpetro, o estaleiro chegou a entregar cinco navios de produto para a subsidiária da Petrobras. No entanto, o projeto foi abalado por conflitos com a contratante, em função de descumprimentos de prazo e disputas quanto ao pagamento de aditivos que culminaram no cancelamento de oito contratos.
Hoje, estuda-se a possibilidade de concluir três desses navios, que estavam em fase de acabamento. O grupo do Eisa Petro Um também é controlador do Estaleiro Ilha SA, o Eisa original, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, que fechou as portas em dezembro do ano passado.
Outros casos também envolvendo a Petrobras são o do Brasa e do Inhaúma, no Rio de Janeiro. Em maio, os funcionários do Inhaúma começaram a ser demitidos, com a conclusão dos trabalhos das P-74 e P-76 no estaleiro arrendado ao grupo Enseada (EEP) para tocar as obras. A construção dos cascos, por sinal, não foi concluída na planta carioca e serão finalizadas pelos integradores.
O Brasa, por sua vez, busca oportunidades nas áreas de apoio portuário e manutenção e reparo. É uma estratégia similar à que vem sendo adotadas por estaleiros como o EAS (PE), do Jurong (ES) e do Enseada (BA), impactados pela falência dos projetos originais de construção de sondas da Sete Brasil.