Entidades que representam setores da indústria e empresas de sete estados iniciaram hoje uma campanha em defesa do conteúdo local na política industrial do Brasil. Representantes de associações e federaçõs se encontraram na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) na manhã de hoje (8).
O conteúdo local é a proporção de investimentos nacionais aplicados em um determinado bem ou serviço, garantindo participação da indústria nacional. No setor de petróleo e gás, o percentual de conteúdo local a ser utilizado pelos empreendimentos tem um mínimo determinado em lei, e propostas de proporções maiores são consideradas como critério na definição de vencedores dos leilões dos campos de exploração e produção.
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) tem reunião agendada no dia 14 de dezembro e pode discutir mudanças na lei de conteúdo local para a exploração de petróleo e gás. As possíveis mudanças preocupam o grupo pelo risco de perda de espaço das empresas nacionais no mercado, já que realizaram investimentos para garantir a oferta de conteúdo local obrigatória. Os empresários afirmam ainda que o fim da política de conteúdo local geraria desemprego.
Segundo as entidades, foram investidos R$ 20 bilhões na ampliação da capacidade instalada entre 2011 e 2014, período em que atividades de exploração e desenvolvimento de áreas sob concessão viveram seu auge.
Fazem parte da campanha a Associação Brasileira de Consultores de Engenharia, a Associação Brasileira de Engenharia Industrial, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica, a Associação Brasileira das Indústrias de Tubos e Acessórios de Metal, Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, o Instituto Aço Brasil e o Sindicato Nacional da Indústrias da Construção e Reparação Naval e Offshore.
As federações de indústrias de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina também participam.
Petrobras defende mudanças
A política de conteúdo local foi alvo de críticas do presidente da Petrobras recentemente. Em setembro, Pedro Parente classificou a política de mal desenhada, mas declarou ser a favor de sua existência.
“Somos a favor da política de conteúdo local. O que não achamos razoável é que essa política possa trazer a quantidade de problemas que trouxe para a nossa empresa, inclusive de atrasos de entrega de equipamentos”, disse Parente, que também apontou que a política gera elevação de custos e precisa ser aperfeiçoada. “Não dá para pagar 40% acima de um preço porque a política foi mal definida, mal desenhada. Essa política é ruim”.