No que depender dos representantes do setor naval amazonense, o polo naval ‘sairá’ do papel nos próximos meses. A alternativa, segundo o Sindicato da Indústria da Construção Naval, Náutica, Offshore e Reparos do Amazonas (Sindnaval), está no uso inicial de uma área liberada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que compreende 2,8 quilômetros de extensão, parte dos 10.057,88 metros que compreendem o projeto inicial, localizado no Lago Puraquequara.
O acesso à área deverá acontecer por via fluvial por meio de dois portos que também serão construídos para atender aos trabalhos. A iniciativa recebe investimentos de um consórcio composto por 40 empresas lideradas pela Innovation Vessel PartnerShip. A nova estrutura deverá comportar o primeiro polo naval de reparos do Brasil.
Conforme o presidente do Sindnaval, Mateus Araújo, o sindicato buscou contato com o Incra na tentativa de utilizar pelo menos uma parte da área projetada para a implementação do polo naval, ao considerar o entrave judicial resultante das determinações feitas pelo Ministério Público Federal nos últimos dois anos. Ele explica que a falta da área propícia para o atendimento às demandas atrasa o setor, produtivamente. E agora, por meio da empresa Innovation Vessel PartnerShip, empresas estrangeiras demonstram interesse em operar em Manaus.
Araújo ainda ressalta que o novo projeto será apresentado nesta quarta-feira (11) ao procurador substituto responsável pelo processo no MPF-AM. “Vamos ao MPF nesta quarta-feira apresentar nossa proposta. A ideia é mostrar às autoridades que ao utilizarmos a via fluvial para transportar os materiais e a produção final, minimizaremos a questão do impacto ambiental. Com os trabalhos em andamento, teremos condições de receber grandes empresas que pretendem se instalar em Manaus”, disse Araújo. “Somente a partir dessa reunião vamos solicitar as licenças operacionais dos órgãos ambientais e então elaborar um cronograma de ações que deverá nortear o projeto”, completou.
O investimento total para o desenvolvimento dos trabalhos está orçado em R$ 14,5 milhões, valor que será repassado pelo consórcio. O sindicato avalia a possibilidade de instalação de dois portos, de onde será feito o transporte de peças. O trajeto fluvial das peças poderá ser feito pelas proximidades do balneário conhecido como Remanso do Boto, no Puraquequara, zona leste; ou ainda, das proximidades do porto da Ceasa, zona sul; em direção ao lago do Puraquequara, onde acontecerão os trabalhos navais.
De acordo com o presidente, o novo projeto trouxe ao setor a perspectiva de melhores índices produtivos e a consequente recuperação e impulso ao setor naval amazonense, que segundo ele, atualmente é o segundo maior polo em produção naval do Brasil. Araújo adianta que entre os pretensos trabalhos a serem incorporados à produção local está a instalação de um estaleiro voltado à indústria militar; além da viabilização para a produção de peças de offshore, e a construção de blocos de embarcações.
Ele ressalta a possibilidade de o polo naval amazonense se tornar o primeiro polo de reparo naval do Brasil. “A estrutura garantirá a construção de embarcações e ainda a efetivação de reparos. O Brasil ainda está desprovido de um polo voltado para reparos, que são trabalhos mais rápidos e rentáveis. Hoje, tudo é feito fora do país. Teremos condições de atender a todas as embarcações que precisarem de reparos”, explicou.
A estimativa, segundo o empresário, é que a partir dos investimentos o setor naval amazonense salte do faturamento anual de R$1,8bilhão para R$5 bilhões. A mão de obra, que atualmente emprega 8 mil pessoas, deve chegar à oferta de 12 empregos. Isso, nos próximos três anos, afirma o empresário.