As petroleiras estrangeiras começam a se planejar para retomar programas de investimentos na perfuração de poços marítimos, em busca de novas descobertas de óleo e gás no país, depois de um bom tempo longe da costa brasileira, especialmente em 2016. A expectativa é que grandes companhias do setor voltem a olhar para a exploração no Brasil em 2017, ainda que num ritmo menor do que no início da década, antes do declínio dos preços do barril.
Sem perfurar poços exploratórios no país desde 2014, quando os preços da commodity começaram a despencar no mercado internacional, a francesa Total e a norueguesa Statoil já anunciaram planos de voltar a explorar o mar brasileiro este ano. Quem também tem intenção de investir em 2017 é a australiana Karoon, que definiu dois novos poços para avaliar melhor a descoberta de Echidna, no póssal da Bacia de Santos.
Uma exceção é a Repsol Sinopec, associação local da espanhola com a companhia chinesa, que no ano passado foi a única estrangeira a perfurar em campos offshore do país, para avaliação da descoberta de Gávea, na Bacia de Campos.
A Total já anunciou que investirá, a partir deste ano, US$ 300 milhões num primeiro ciclo exploratório em águas ultraprofundas na Bacia Foz do Amazonas, na costa do Amapá. A empresa prevê perfurar até nove poços até 2020 na região. Os equipamentos já chegaram este mês ao Porto de Belém (PA) e a francesa aguarda a licença para iniciara campanha exploratória o mais breve possível.
O alvo da Statoil é a costa capixaba. O presidente mundial da norueguesa, Eldar Saetre, disse em entrevista ao Valor que a petroleira tinha planos de iniciar este ano as primeiras perfurações nas quatro concessões que arrematou no Espírito Santo, na 11ª Rodada, e onde é operadora. O plano é perfurar ao menos quatro poços.
A norueguesa, que adquiriu a fatia de 66% da Petrobras na concessão BMS8 (campo de Carcará), no présal da Bacia de Santos, garante ainda que o programa de perfuração de um poço na área de Guanxuma, no final de 2017 já está em fase de planejamento.
Os investimentos de Total e Statoil marcam as primeiras perfurações em blocos offshore arrematados na 11ª Rodada, quatro anos após a realização do leilão, o qual foi considerado um grande sucesso. Atraiu investimentos estimados, na ocasião, em US$ 3,4 bilhões. O início da exploração nos blocos negociados na licitação, contudo, foi afetado por dificuldades no licenciamento, sobretudo na margem equatorial, e pelas restrições nos caixas das companhias, frente à baixa dos preços do barril.
Esse cenário, aos poucos, começa a se reverter. O aumento das atividades exploratórias das multinacionais, no Brasil, se dá em meio a um movimento de retomada global dos investimentos no setor. Segundo a consultoria Wood Mackenzie, depois de dois anos seguidos de recuo, as petroleiras devem elevar em 3%, para US$ 450 bilhões, os investimentos em exploração e produção, estimuladas pela recuperação dos preços do barril para patamares acima de US$ 50. A expectativa de aumento do investimento estrangeiro vale também para a exploração em terra. No início do ano Tek, Alvopetro e Geopark anunciaram ao menos três poços o mesmo número de poços perfurados por estrangeiras ao longo de todo o ano de 2016.
Os investimentos privados são, hoje, a principal esperança de retomada da exploração no Brasil. Em decorrência da dificuldade de aportes da Petrobras, principal responsável por essa atividades no país, a recuperação do setor passa a depender cada vez mais das demais petroleiras, sobretudo das multinacionais, atualmente mais capitalizadas. O plano de negócios da estatal prevê, na média, investimentos de US$ 1,3 bilhão ao ano no segmento de exploração até 2021 corte de US$ 1 bilhão em relação ao montante que investiu em 2015, valor que já era baixo.