Foi inaugurado hoje, 1 de dezembro, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) um sistema de ensaios de elementos de ancoragem de equipamentos usados na produção de petróleo e gás em unidades flutuantes, a exemplo de navios e plataformas offshore. O sistema será utilizado no desenvolvimento de amarras de alta capacidade de carga, de materiais metálicos e poliméricos. Umbilicais e risers para a exploração em águas profundas, além de cabos de aço e cintas de manuseio e levantamento de grandes cargas, poderão ser também desenvolvidos e qualificados com testes no sistema.
O sistema do Laboratório de Equipamentos Mecânicos e Estruturas do IPT tem capacidade para até 2.600 tf (tonelada força) de carga estática, o maior do gênero no Brasil – para ter uma ideia de uma força como essa, seria preciso empilhar 2.600 carros populares – e 1.300 tf de carga dinâmica.
Do total de R$ 15,7 milhões para a concepção, o desenvolvimento e a instalação do sistema, a Petrobras participou com R$ 10,7 milhões para o projeto e a compra de equipamentos, e o Governo do Estado de São Paulo com R$ 5 milhões para a concepção e o gerenciamento da implantação do sistema, além da construção do prédio no campus do Instituto.
Arthur Saad, gerente da área de Tecnologia Oceânica do Cenpes Petrobrás, lembrou o relacionamento de longa data entre a empresa e o IPT, o qual se intensificou na década de 2000 – hoje, o Instituto é um dos três principais parceiros da Petrobras no estado de São Paulo. “Novas oportunidades de exploração precisarão ser viabilizadas. O desenvolvimento tecnológico será fundamental para superar este desafio e, consequentemente, manter o segmento de petróleo & gás com a dimensão de sua importância”, afirmou ele.
O sistema tem características únicas no hemisfério sul. Existem dois outros sistemas no mundo com características similares, localizados em Houston (EUA) e Bergen (Noruega).
“A exploração em águas profundas exige que os elementos de ancoragem tenham tanto resistência estática quanto dinâmica. A inauguração do sistema, que oferece uma nova tecnologia aos mercados do Brasil e de todo o mundo, é mais um passo na direção de auxiliar essas operações”, afirmou o diretor-presidente do Instituto, Fernando Landgraf. “Definimos em nosso planejamento estratégico a meta de chegar, no ano de 2018, a 40% da receita do IPT associada à inovação. Isso é um desafio porque a grande fonte de receita está ligada a análises, ensaios e calibrações, e precisamos sempre apresentar e vender novos serviços ao mercado, tal como hoje”.
O prédio que abriga o sistema tem três mil metros quadrados no total e pé-direito de 12 metros. Está equipado também com duas pontes rolantes de 16 toneladas, instaladas a 10 metros de altura. A construção tem ainda uma casa de máquinas para abrigar o sistema hidráulico completo, subestação elétrica e sala de controle. O piso das áreas de operação foi revestido com material de alta resistência.
Marcelo Mafra, superintendente de Segurança Operacional e Meio Ambiente da ANP, enfatizou a importância da inauguração do sistema inédito no Brasil para testes e homologação de novas tecnologias dedicadas à exploração do pré-sal: “A inovação é necessária para que o País tenha um portfólio de vanguarda e conquiste cadeias globais de fornecimento. A indústria do petróleo está passando por um momento de crise mundial, mas isso é cíclico.
É preciso entender P&D em uma linha constante, seja na crise ou em momentos de crescimento, para garantir o uso dos melhores materiais e a realização de operações seguras e sustentáveis”.
Márcio França, vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, lembrou que muitas demandas são comuns entre duas esferas de governo, o estadual e o federal, e traçar um único objetivo entre eles facilita a tramitação e permite a redução de custos: “A agricultura brasileira teve avanços significativos nos últimos anos e é preciso que a indústria também tenha. A inauguração de um sistema de ensaios como esse do IPT, que é uma referência no mundo, contribui para esta evolução”.