Tempos difíceis

  • 30/01/2017

Somente no primeiro mês de 2017 três das principais empreiteiras brasileiras com atuação no mercado de óleo e gás tiveram más notícias no mercado de classificação de risco. Odebrecht, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez tiveram notas rebaixadas nas três primeiras semanas do ano, reflexo das dificuldades enfrentadas por algumas das maiores empresas de engenharia do país, afetadas pela crise econômica e pelos reflexos da Operação Lava Jato.

A Standard&Poor’s optou por rebaixar a Andrade Gutierrez devido a uma estratégia de financiamento adotada pelo grupo que aumentou o endividamento e a carga de juros da subsidiária. Já a Fitch rebaixou a Queiroz Galvão e a Odebrecht. No caso da Odebrecht, a agência afirma que a decisão foi motivada pelos desafios que a companhia tem enfrentado para reestruturar suas atividades e recuperar a capacidade de geração de fluxo de caixa em meio à contínua queima de caixa para prover suporte ao grupo controlador.

O rebaixamento da Queiroz Galvão foi motivado pela estratégia do Grupo de apresentar uma proposta a seus credores bancários para renegociar as condições de endividamento de algumas de suas empresas, com o objetivo de adequar os vencimentos da dívida à menor geração de caixa, afetada pelo fraco desempenho da economia.

Uma companhia do grupo, entretanto, conseguiu uma boa notícia das agências de classificação esta semana. A Moody’s alterou a perspectiva da QGOG – braço do grupo responsável pelas sondas – de negativa para estável, devido ao fim das renegociações dos contratos da companhia com a Petrobras.

Um levantamento entre seis grandes companhias da área de engenharia (Odebrecht Engenharia e Construção, UTC, OAS Empreendimentos, Andrade Gutierrez, Construtora Queiroz Galvão e Construções e Comércio Camargo Corrêa) mostrou que metade foi avaliada pela agência Fitch com notas no grau de especulação, próximas do calote, enquanto apenas uma está no grau de investimento, a Camargo Corrêa. As outras duas (UTC e OAC) não são mais classificadas pela agência pois não renovaram o contrato para o serviço.

Já a S&P e a Moody’s atualmente classificam apenas a Odebrecht Engenharia e Construção e a Andrade Gutierrez, as duas também no grau de especulação em ambas as agências. Até março de 2015, a OAS Empreendimentos também era avaliada pela S&P, mas a companhia pediu para deixar de ser classificada. Na época, o rating da subsidiária era CC, já abaixo de especulação, considerado grau de alto risco de inadimplência.

Todas as seis empreiteiras continuam impedidas de fechar contratos com a Petrobras, pois foram citadas nos casos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato, o que dificulta a recuperação financeira.

Para lidar com as dificuldades, a Odebrecht, por exemplo, anunciou esta semana que está estudando a possibilidade de abrir o capital da Odebrecht Engenharia e Construção.A Camargo Corrêa está se estruturado para participar de uma licitação da Parnaíba Gás Natural (PGN) para as obras com o objetivo de ampliar a produção na Bacia do Parnaíba.

Fonte: Brasil Energia – Gabriela Medeiros
30/01/2017|Seção: Notícias da Semana|Tags: |