Exxon Mobil pode buscar no Brasil bens e serviços para empreendimentos no país vizinho
A Exxon Mobil anunciou na terça-feira (25/7) uma nova descoberta de óleo no reservatório de Payara, no offshore da Guiana, ampliando o volume total do prospecto para 500 milhões de boe e do bloco Stabroek para entre 2,25 bilhões e 2,75 bilhões de boe recuperáveis.
O poço Payara-2 encontrou 19 m de óleo de boa qualidade, a uma profundidade de 5,8 mil m e em lâmina d’água de 2,2 mil m. Ele está localizado a cerca de 20 km ao noroeste da descoberta de Liza, cuja primeira fase de desenvolvimento foi aprovada no mês passado pela diretoria da petroleira norte-americana.
“O Payara -2 confirma o segundo campo gigante descoberto na Guiana”, declarou o presidente da ExxonMobil Exploration Company, Steve Greenlee. “Payara, Liza e descobertas satélites adjacentes em Snoek e Liza Deep abrem caminho para desenvolvimentos petrolíferos de classe mundial”, acrescentou o executivo.
A primeira descoberta da Exxon na região foi anunciada em maio de 2015, com o poço Liza 1, a quase 200 km da costa de Guiana. Na ocasião foi encontrada uma coluna de 90 m de óleo em reservatórios areníticos a uma profundidade de 5,7 mil m e em lâmina d’água de 1,7 mil m.
Cerca de um ano depois, a companhia encontrou mais petróleo na área pelo poço Liza 2. Com a confirmação do potencial, a Exxon fechou, em dezembro de 2016, um contrato de engenharia (FEED) com a SBM para projetar o FPSO que será instalado no campo. A configuração do projeto incluirá umbilciais, risers e flowlines submarinos.
No início deste ano – antes da decisão final de investimento para o desenvolvimento do projeto – a Exxon fez outras duas descobertas no bloco: em janeiro, com o poço Payara 1, e em março, com o Snoek.
No mês seguinte, a TechnipFMC assinou contrato com a operadora para fornecer 17 árvores de natal molhadas (ANM) verticais e ferramentas associadas, além de controles e equipamentos de tie-in.
As empresas não confirmam, mas existe a expectativa de que esses equipamentos sejam fornecidos a partir do Brasil, país vizinho onde a TechnipFMC possui uma forte base instalada.
Antes de ser adquirida pela Technip, a FMC Technologies já havia fornecido mais de 500 ANM fabricadas no país – marca atingida no ano passado, quando a Petrobras instalava o milésimo equipamento do tipo no offshore brasileiro.
Também antes da fusão, a empresa construiu um centro de pesquisas no Parque Tecnológico da UFRJ, na Ilha do Fundão (RJ), assim como a Technip, que possui fábricas de linhas flexíveis em Vitória (ES) e no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ).
Fontes do setor consultadas pela Brasil Energia Petróleo acreditam que os empreendimentos da Exxon na Guiana poderão render novos contratos atendidos a partir do Brasil, sobretudo no segmento subsea. Já há, inclusive, conversas entre a petroleira e companhias instaladas no país.
“Acredito que há espaço para isso, mas vai depender da competitividade das ofertas apresentadas pelas empresas do Brasil”, ressalva um executivo de uma importante multinacional.
No caso de equipamentos e serviços para construção de poços, a possibilidade é mais remota. “A mobilização de serviços a partir do Brasil exigiria uma agilidade de processo alfandegário que não existe por aqui”, justifica outro empresário.
Com 26,8 mil km² de área, o bloco Stabroek é operado pela subsidiária da Exxon Esso Exploration and Production Guyana, com 45% de participação. A Hess Guyana Exploration detém 30% do ativo e a CNOOC Nexen Petroleum Guyana, os demais 25%.