Um dos temas mais discutidos por especialistas e players da indústria naval nacional tem sido a política de conteúdo local (CL), que tem como objetivo principal incentivar o desenvolvimento cada vez maior do setor no País. No entanto, de acordo com Luiz Eduardo de Almeida, superintendente de um dos principais estaleiros de reparos navais do Brasil, o Renave, este é um mecanismo que, a princípio, beneficia em grande parte a cadeia de construção e nem tanto o mercado de reparos. Mas, segundo ele, se for algo bem planejado, pode favorecer o segmento também.
“Estabelecer uma política de conteúdo local para o mercado de reparos é mais complexo do que para o setor de construção. Na construção você tem um planejamento, uma lista de equipamentos e materiais, entre outras coisas, que te permitem saber o que vai fazer do início ao fim. No segmento de reparos, tendo em vista o dinamismo dessa atividade, não temos como saber exatamente tudo o que vamos precisar. Por isso, firmar uma política de CL específica requer tempo e planejamento. Mas a ideia é ótima” ressalta.
Almeida, porém, enaltece que, enquanto isso não é feito, há outras alternativas que podem ser adotadas mais rapidamente, garantindo resultados imediatos e proporcionando a retomada de fôlego inicial que o segmento precisa. Tratam-se dos casos envolvendo o reparo de embarcações construídas no país, financiadas pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM) ou adquiridas com dinheiro proveniente da entidade, mas que muitas vezes são levadas para serem restauradas no exterior. “Esses navios deveriam ser proibidos de fazerem reparações no exterior. Se o Brasil pagou a construção ou a aquisição dessas embarcações, nada mais justo que os recursos utilizados para os reparos sejam revertidos para o próprio país”, finaliza.