Adesão ao modelo proposto pela ANP é mais vantajosa que o waiver, diz a diretora de E&P da companhia
A Petrobras deve optar pela migração do regime de conteúdo local dos contratos de áreas arrematadas pela companhia a partir da sétima rodada licitações de blocos exploratórios para o formato proposto pela ANP, conforme minuta de resolução colocada em consulta pública no mês passado. A previsão é da diretora de E&P da companhia, Solange Guedes.
“Nossa melhor avaliação é que é muito positiva a migração para todos os contratos. O waiver teria uma carga processual muito grande e não vai resultar em efeito melhor que a migração”, explicou a executiva nesta sexta-feira (11/8), durante teleconferência com analistas de mercado sobre os resultados da companhia no segundo trimestre.
A proposta da ANP deve, contudo, enfrentar forte resistência da indústria, que promete judicializar a questão, como aconteceu com o pedido de waiver de conteúdo local dos FPSOs de Libra e Sépia feito pela Petrobras à agência reguladora.
TLD
Solange comentou que a nova descoberta no pré-sal de Marlim Sul, na Bacia de Campos, anunciada ontem, é de alta competitividade, já que a infraestrutura de produção na região tem capacidade para escoar a produção da jazida, que possui 45 m de espessura e será testada em outubro.
Ela comparou o caso do prospecto de Forno, descoberta feita recentemente pela companhia no campo de Albacora, também em Campos. A executiva informou que a Petrobras está concluindo os trabalhos exploratórios de delimitação do novo reservatório e que pretende realizar um Teste de Longa Duração (TLD) na área em 2019.
Desempenho
A diretora da Petrobras destacou os ganhos de eficiência no pré-sal da Bacia de Santos, onde o custo de produção por barril caiu para cerca de US$ 7. Ela atribuiu a evolução ao trabalho feito pela companhia para reduzir os custos de logística offshore, entre outros fatores.
Questionada por um dos analistas sobre os impactos do afretamento de plataformas no pré-sal, Solange disse que a Petrobras está trabalhando para mitigar os custos dos serviços de operação e assinalou que a P-66 – último FPSO a entrar em operação no cluster de Santos – vem operando com eficiência de 97%. A plataforma será conectada a dois novos poços ainda em 2017.
Ela admitiu, porém, que plataformas próprias têm maior margem para trabalhar os custos, tendo em vista a liberdade que a Petrobras tem nesses casos.
Gás natural
Solange ressaltou ainda que a experiência da Petrobras no pré-sal tem surtido efeitos positivos em diferentes segmentos de atuação da empresa. O aumento da produção na província – que hoje representa 51% do volume total extraído pela companhia no país – já resulta, por exemplo, em uma presença maior do óleo nacional na carga processada, atualmente na faixa de 93%, permitindo ganhos de rendimento.
Outro benefício está ligado aos grandes volumes de gás natural dos campos do pré-sal, que vêm atendendo, por exemplo, à demanda termelétrica da companhia. “Temos uma presença crescente do gás na nossa carteira, e isso entrega maior margem para o sistema Petrobras”, explicou a executiva, pontuando que, em situações em que o teor de gás carbônico é muito alto, a companhia geralmente opta por reinjetar o energético.
Cessão onerosa
Sobre a renegociação do contrato da cessão onerosa, Solange declarou que não há nenhum fato novo e que a companhia ainda não chegou a iniciar tratativas com a ANP. “O que nós percebemos é uma avaliação muito positiva, tanto da Petrobras quanto dos órgãos que representam o contrato, de dar início a essa renegociação de uma forma diligente”, comentou.
Desinvestimentos
Durante a teleconferência, o diretor Financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, disse que a companhia deve ter uma atividade mais intensa de desinvestimentos no segundo semestre do ano, sobretudo no que diz respeito a ativos fora do segmento principal de atuação da companhia, como petroquímica, refino e distribuição.
O executivo ressaltou que a meta de desinvestimentos da ordem de US$ 21 bilhões para o biênio 2017-18 está confirmada e se mostrou confiante em atingi-la, tendo em vista a experiência que vem sendo adquirida pela Petrobras nos últimos anos.
Monteiro afirmou que há um interesse grande de investidores sobre os projetos da carteira de desinvestimentos da companhia e descreveu seu perfil:
“São empresas que conhecem o Brasil e têm interesse em fazer investimentos no país para permanecer no país por um período longo.
Não são investidores de oportunidade e que, portanto, não estão preocupados com o que vai acontecer com a economia brasileira em seis meses ou um ano, pois estão olhando para um horizonte de dez, quinze anos”.
Fonte: Brasil Energia – João Montenegro