RSVs brasileiros se tornam maioria no país

  • 31/08/2017

Caso das embarcações especializadas em operações de robôs submarinos é o destaque do novo boletim do apoio marítimo

 

Frota de RSVs em julho, de acordo com a Abeam — a associação classifica os barcos Skandi Salvador, Wildebeest e Up Coral como MPSV, no primeiro caso, e PSV, nos dois últimos ( Brasil Energia Petróleo, com base em dados da Abeam )

 

A frota de apoio marítimo no Brasil voltou a cair, encerrando o mês de julho com 383 embarcações, três a menos que no mês anterior. Os dados são da Associação Brasileira das Empresas de Navegação de Apoio Marítimo (Abeam).

Entre junho e o mês passado acrescentaram-se à frota nacional o AHTS Maersk Lancer, da Maersk Supply Service; o AHTS Bram Force, da Edison Chouest, recebido pela Petrobras recentemente, conforme publicado pela Brasil Energia Petróleo; e o PSV Starnav Circinus, que começou a operar para a petroleira este mês.

No mesmo período deixaram de figurar na frota seis embarcações de bandeira estrangeira: os OSRVs C-Atlantis, C-Commodore e C-Escort, da Edison Chouest; os AHTSs Sea Panther, da Sealion, e Amadon Tide, da Tidewater; e o RSV Greatship Rashi, cujo contrato com a Petrobras foi encerrado.
Com as alterações, a proporção de barcos brasileiros subiu pouco mais de um ponto percentual na comparação mensal, terminando o mês de julho em 81,98%, ante os 80,83% registrados no mês anterior.

Um caso que chama atenção é o da frota de RSVs (barcos de apoio a operações de robôs submarinos), que passou a ser majoritariamente formada por barcos brasileiros, com sete nacionais e seis estrangeiros em julho, ante a relação de quatro para sete no mês anterior.

Um dos fatores por trás dessa inversão é o fato de armadores como a CBO terem decidido, diante da superoferta de PSVs no mercado, converter barcos do tipo em RSVs, bloqueando concorrentes de bandeira estrangeira.

Essencialmente, o movimento reflete a redução das atividades de E&P, na medida em que barcos brasileiros disponíveis têm preferência na contratação pelas petroleiras, forçando armadores de barcos estrangeiros a tentar oportunidades de negócios em outros países.

Em janeiro de 2016, havia apenas três RSVs brasileiros em uma frota então composta por 16 unidades. Essa razão começou a cair em junho daquele ano, chegando até o patamar atual.

Importante destacar que a Abeam classifica as embarcações Skandi Salvador, da DOF, Up Coral, da Up Offshore, e Wildebeest, da Edison Chouest, como MPSV, no primeiro caso, e PSV, nos dois últimos, embora todas operem para a Petrobras como RSVs. Dentre elas, apenas o Up Coral tem bandeira estrangeira.

De acordo com o mapeamento da associação, a CBO é hoje o principal armador de RSVs, com quatro barcos do tipo na frota nacional: os CBO Campos, Isabella, Guanabara e Manoella – os três últimos com contratos vigentes com a Petrobras.

Os demais proprietários de RSVs no país são a DOF, com o Geograph, Geosea e Skandi Commander; Farstad Shipping (Far Saga e Far Scotia); Sealion (Sealion Amazonia e Toisa Valiant); Edison Chouest (Joe Griffin); e Fugro (Fugro Aquarius).

O levantamento da Abeam – cuja análise exclui embarcações dos tipos lanchas, pesquisa e flotel, além de barcos com porte inferior a 100 TPB ou BHP inferior a 1.000 –, mostra que há 46 empresas brasileiras de navegação no Brasil (a lista total na Antaq, sem tal restrição, é composta por 144 EBNs).
Entre essas empresas está a Maersk Supply América Latina, que foi autorizada em junho pela agência reguladora a operar como EBN no país. A companhia faz parte do grupo Maersk Supply Service, que tinha nove embarcações em águas brasileiras no mês de julho, sendo sete AHTSs e dois PSVs.

A companhia informou à Brasil Energia Petróleo que a nova empresa apoiará, no Brasil, o crescimento da área de negócios de Soluções Integradas, que foi lançada em novembro de 2016 para expandir os serviços do grupo, oferecendo, além do afretamento de barcos, o planejamento e execução de projetos marítimos.

“A Maersk Supply Services está continuamente buscando novas oportunidades para otimizar sua frota e expandir seus negócios no Brasil e globalmente”, declarou a companhia.

Por outro lado, também em junho a Radiance Offshore, do grupo Pacific Radiance, requereu à Antaq a renúncia à autorização para operar como EBN, em função da retração das atividades de E&P no país.

“Infelizmente, devido a grave crise sem precedentes que esta indústria enfrenta no Brasil, mesmo com grande esforço, a empresa não tem conseguido manter-se em operação”, justificou a empresa na carta enviada à agência

FMM

Em termos de proprietários de embarcações, a Abeam contabiliza 65 empresas no Brasil. Dentre elas, a que possui maior frota é a Edison Chouest, com 52 barcos, cuja subsidiária no país, a Bram Offshore, foi contemplada com uma nova prioridade de financiamento do Fundo da Marinha Mercante (FMM).

Conforme resolução do Conselho Diretor do FMM publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta terça-feira (30/8), os R$ 32,7 milhões aprovados serão destinados à docagem de 11 embarcações, sendo nove PSVs, um AHTS e um WSV, de apoio à estimulação de poços.

O conselho aprovou ainda duas prioridades de financiamento para a Baru Offshore, sendo uma no valor de R$ 14 milhões, para suplementar a construção de seis embarcações UTs 4000 (transporte de carga e pessoal),  e outra, de R$ 2,5 milhões, para docagem e reparo de sete barcos do mesmo tipo.

Fonte: Brasil Energia –  João Montenegro
31/08/2017|Seção: Notícias da Semana|Tags: |