Solução promete reduzir tempo de entrada em produção de FPSOs

  • 28/08/2017

Siemens tem conversas com duas petroleiras operando no país para aplicação da tecnologia

A Siemens apresentou durante a O&G TechWeek, evento realizado esta semana no Rio de Janeiro, uma solução que promete reduzir em até nove meses o tempo de entrada em produção de um FPSO. A tecnologia, batizada como Topsides 4.0, simula e testa os componentes da plataforma virtualmente, o que reduz o tempo entre a concepção do projeto e o início da operação, que atualmente é de 36 meses em média.

A ferramenta permite já saber de antemão o espaço e o peso de cada equipamento para dimensionar o topside. Com isso, antes mesmo do navio ser construído, os trabalhadores da plataforma podem ser treinados por meio da realidade virtual e a companhia pode prever a logística de manutenção.
De acordo com Cláudio Makarovsky, líder do segmento de Óleo e Gás da Siemens, o Topsides 4.0 pode reduzir o investimento necessário para uma plataforma em até 10%.

“Hoje, os itens que mais demoram na construção de um FPSO são os compressores e turbinas, seguidos pelos módulos. O que fizemos? Juntamos as ferramentas da indústria 4.0 com todas as necessidades de um novo FPSO. Qualquer dia que se antecipa em um primeiro óleo já é dinheiro a mais que entra no bolso”, conclui o executivo.

Os desenvolvimentos da indústria 4.0 baseiam-se na possibilidade de tomada de decisão a partir de big data, sem interferência humana. Duas petroleiras que atuam no Brasil já estão interessadas na solução, uma brasileira e uma estrangeira.

“Estamos tendo as primeiras conversas agora e vamos começar os estudos conceituais. Não posso dizer quais são as empresas ainda, mas posso dizer que não é para o pré-sal e nem para a Bacia de Campos”, explica Makarovsky.

Até o momento, o Topsides 4.0 foi aplicado somente na unidade que atua no campo de Ivar Aasen, operado pela Aker BP no Mar do Norte. A produção na área começou no dia 24 de dezembro de 2016, apenas dois anos após a operadora pedir a declaração de comercialidade da área.

Nesse caso, uma das vantagens foi a diminuição da equipe à bordo. Enquanto uma plataforma similar precisa de cerca de 100 pessoas para operar, a unidade de Ivar Aarsen tem apenas 25 trabalhadores, mas pode operar com até 16 pessoas em uma situação crítica.

Soluções similares ao Topsides 4.0 também estão sendo estudadas para outras aplicação na indústria. No mês passado, a Rolls-Royce e a DNV GL assinaram um memorando de entendimento com a empresa de pesquisa Sintef Ocean e com a Norwegian University of Technology Sciences para criar uma plataforma digital para desenvolver cópias digitais de navios reais.

Por meio da tecnologia de “digital twins” (“gêmeos digitais”, em tradução livre), as companhias pretendem explorar em uma interface digital as embarcações que ainda estão em construção.

Na nuvem

Outra tecnologia fruto da indústria 4.0 apresentada pela Siemens durante a TechWeek foi uma ferramenta que permite o envio de dados das plataformas para uma nuvem. O dispositivo se chama Mindsphere e trabalha de forma criptografada.

Desse modo, informações como consumo de água e desempenho das máquinas podem ser analisadas pelos técnicos na própria nuvem, sem necessidade de deslocamento até a plataforma.

“O grande problema  hoje é conseguir chegar a uma plataforma a 200 km da costa e lá requisitar os dados. Com essa ferramenta os dados são enviados de forma mais simples e segura”, acrescenta Marakovsky.

Para aprimorar o uso da tecnologia, a Siemens pretende desenvolver aplicativos, que poderão ser acessados pelas petroleiras em uma loja da própria companhia, similar à App Store, da Apple, e ao Google Play, do Google. Até o momento, o primeiro aplicativo, desenvolvido para uso exclusivo de uma petroleira, monitora equipamentos do FPSO por meio da frequência dos barulhos emitidos pelas máquinas

Com o objetivo de ampliar as soluções oferecidas, a Siemens abriu a possibilidade de técnicos de fora da companhia desenvolverem novos aplicativos. Para tanto, é necessário enviar a ideia à empresa, que vai analisá-la por três meses. Caso o projeto seja aprovado, a empresa dá acesso ao programa e ferramentas necessários para o desenvolvimento do aplicativo.

Fonte: Brasil Energia – Gabriela Medeiros
28/08/2017|Seção: Notícias da Semana|Tags: |