O anúncio do encerramento das atividades da unidade de Navegantes da empresa Huisman, especializada na fabricação de guindastes para navios, plataformas e sondas petrolíferas, pegou de surpresa o setor empresarial da cidade.
Em comunicado oficial, a diretoria informou que vai encerrar os negócios até julho do ano que vem, em função da crise no setor naval e petrolífero. A Petrobras estava entre as principais clientes da companhia. As primeiras demissões começam no mês que vem.
Conforme a direção da Huisman, a queda no volume de vendas refletiu diretamente na produção nos últimos anos. “Não tínhamos mais como manter as atividades da unidade sem comprometer a saúde financeira, com o risco de não honrar os compromissos assumidos por nossa empresa”, diz o comunicado oficial.
Com o fechamento da fábrica que fica na Volta Grande, 157 pessoas serão demitidas. A saída dos funcionários será gradual. “Temos entregas de clientes a cumprir e para isso os colaboradores serão desligados conforme um cronograma definido pela empresa para atendermos essas demandas finais,” esclarece a multinacional.
Jurandir Natal Sardo, presidente do sindicato dos Metalúrgicos e Naval de Itajaí e Região, contou que se reuniu na última sexta-feira com dirigentes da empresa. Segundo ele, está prevista a saída de 12 funcionários em novembro, todos da área administrativa.
Lamentando o fechamento da unidade, Jurandir destacou a transparência com que a empresa tá conduzindo o processo e que todos os direitos trabalhistas dos empregados serão respeitados. O sindicalista ainda informou que a Huisman assumiu a responsabilidade de encaminhar os currículos dos trabalhadores para outras empresas, ajudando os funcionários a se realocar no mercado após as demissões.
Conforme o presidente do sindicato dos Metalúrgicos, há expectativa que os estaleiros Oceana e Detroit, em Itajaí, possam absorver ao menos parte da mão-de-obra que for dispensada. Após o fechamento da produção, a empresa deve manter apenas 12 funcionários no ano que vem, do setor de recursos humanos.
Bons salários
Antônio Carlos Carmona, secretário de Desenvolvimento Econômico de Navegantes, avalia que os problemas na Petrobras e as investigações da Lava Jato impactaram o setor, prejudicando também os estaleiros de Navegantes. Entre o ano passado e esse ano, cerca de dois mil empregos foram perdidos na cidade.
A saída da Huisman é lamentável não só pela perda de empregos e de arrecadação, mas também por ser uma atividade de mão-de-obra especializada, observa. Os técnicos de altos salários contribuíam com a economia da cidade, gastando no comércio, em serviços e em imóveis.
Carmona diz que o município está tentando atrair empresas de outros setores. Entre os interessados estão indústrias de energia solar, metalúrgica, eletro-mecânica e logística, além de novos empreendimentos previstos no setor lojista e de supermercados.
Crise política e econômica
Com sede na Holanda, a Huisman iniciou as atividades em Navegantes em 2015. A empresa foi atraída pelo potencial da exploração de petróleo no pré-sal e pela demanda pelo fornecimento de equipamentos para o setor. O projeto da empresa era criar cerca de 3000 postos de trabalho em Navegantes e ampliar a oferta de produtos.
Rinaldo Luiz de Araújo, presidente da Associação Empresarial de Navegantes (Acin), lamenta o fechamento. “Perdemos muito. Mas não é uma perda só pra Navegantes, é uma perda pra toda região”, destaca.
Para Rinaldo, apesar da expectativa de melhoras na economia, não dá para dizer que no ano que vem a empresa poderá ter condições de rever a decisão de fechar as portas. “Espero que mude, mas a ponto de manter operando uma empresa do porte da Huisman operando é difícil”, considera.