Lançado em novembro pelo governo Michel Temer e propagado pelas redes sociais e por campanhas publicitárias, o Programa Avançar tem 16 projetos na área de petróleo e gás conduzidos pela Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo (ANP). São sete obras de FPSOs, 13 navios petroleiros, quatro campanhas sísmicas de fomento, um gasoduto, uma avaliação ambiental e um centro de rochas e fluidos.
Criticado por muitos como uma reedição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado no governo do ex-presidente Lula e que também aglomerava obras tocadas por estatais e órgãos públicos, o Avançar é parte da agenda positiva que o governo Temer tenta emplacar após duas votações de denúncias da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente engavetadas pela Câmara dos Deputados e a reforma da Previdência Social, adiada para 2018.
Na área de petróleo e gás, o programa traz projetos já em parte concluídos, como a construção de cinco navios Aframax encomendados pela Transpetro ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Pernambuco, terra do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e projetos já em fase final de conclusão tocados pela Petrobras, como a construção dos FPSOs (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo e gás), replicantes e da cessão onerosa.
Todos os projetos dos FPSOs replicantes e da cessão estão fora do planejamento original e foram postergados em todos os planejamentos da Petrobras desde que foram lançados. A plataforma P-66, que entrou em operação neste ano, no planejamento lançado pela Petrobras em 2011 entraria em operação em 2015, mesmo ano de partida do FPSO P-74, que agora está planejado para começar a produzir no próximo ano.
“O programa Avançar vai retomar obras inacabadas, paralisadas há anos. Obras com data para iniciar, data para entregar e com o orçamento garantido”, afirmou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, durante a cerimônia de lançamento do programa. O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Dyogo Oliveira, reforçou o discurso. “É um programa realista, condizente com a realidade que estamos vivendo e que se adequa aos tempos de austeridade e ajuste da economia”.
Abaixo, um panorama dos projetos de óleo e gás do programa Avançar
Avaliação Ambiental de Área Sedimentar – mar
Sete empresas apresentaram interesse em participar da licitação para o projeto. No momento, estão sendo analisadas as propostas técnicas das empresas. Os consórcios Consultor do Projeto EEAS Jacuípe, Mott Mac/Tetra Tech e as empresas Coppetec, Ramboll Brasil, Ecology and Environment, O’Brains e Nemus disputam a concorrência.
A previsão é de que o contrato com a empresa vencedora da licitação seja assinado no começo de 2018. A Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) pretende dar subsídios para o licenciamento de blocos para serem licitados.
Bacia Sedimentar do Paraná – Fase II
Previa a aquisição de dados sísmicos na Bacia do Paraná. Entre 2015 e 2017 foram coletados 6.250 km lineares de dados sísmicos 2D nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Bacia Sedimentar dos Parecis
Estava prevista a perfuração do poço estratigráfico 2-ANP-0004-MT, que foi concluída em 2015. O poço atingiu a profundidade final de 3.210 m e terminou no embasamento cristalino. Atualmente, as amostras e testemunhos coletados estão na fase de análises laboratoriais (análises petrográficas, geoquímica, petrofísica, entre outras). A previsão é de que o projeto seja integralmente concluído até dezembro de 2018.
Bacia Sedimentar dos Parecis Fase II
O levantamento sísmico, que está em andamento, prevê a aquisição de 7.100 km de dados bidimensionais. O projeto abrange toda a Bacia do Parecis. Foi contratado em 2015 e, até o momento, cerca de 5.000 km lineares já foram coletados.
O poço estratigráfico 2-ANP-0006-MT, localizado no município de São José do Rio Claro/MT, teve a perfuração concluída em março de 2016. O poço alcançou a profundidade final de 4.450 m, alcançando o topo do Grupo Cuiabá. Nesse poço foram detectados indícios de gás em um intervalo superior a 200 m nos carbonatos do Grupo Araras. Atualmente, o projeto também está na etapa de análises laboratoriais das amostras e testemunhos coletados.
Bacia Sedimentar do Parnaíba – Fase II:
Está prevista a perfuração do poço estratigráfico 2-ANP-0007-PI que será realizado em parceria entre a ANP e a Petrobras. A previsão é iniciar a perfuração no próximo ano.
Implantação do Centro de Rochas e Fluidos
A ANP vem desenvolvendo com a CPRM um Projeto de Litotecas descentralizadas no Brasil, com Unidades em alguns Estados onde há maior concentração das amostras de rochas e fluidos da União. O projeto prevê a utilização de recursos de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) oriundos da Petrobras para a criação de litotecas e a construção de laboratórios, incluindo a compra de equipamentos associados aos serviços de disponibilização de amostras de rochas e fluidos. As três empresas estão modelando um Termo de Cooperação que abrange o compartilhamento de espaços físicos, laboratórios, dados técnicos, informações e aperfeiçoamento técnico entre outros.
Esse projeto faz parte do Centro de Rochas e Fluidos e permitirá a ANP atuar efetivamente no “Universo” dos dados e imagens de rochas e fluidos de alta resolução, tais como tomografias, e fotografias de altíssima qualidade, onde se pretende estimular a geração de dados digitais nas empresas, assegurando um acervo técnico permanente, mesmo após seu consumo em análises químicas e físicas.
Pré-Sal – CESSAO ONEROSA – BUZIOS 1 – C1 – P-74
O FPSO P-74 está sendo integrado pelo Estaleiros do Brasil (EBR), em São José do Norte. O casco da unidade chegou no estaleiro no começo do ano passado e tem 326,2 m de comprimento, 56,6 m de largura e 28,6 m de altura. A plataforma, que tem capacidade para produzir 150 mil barris por dia de petróleo, deve entrar em operação no próximo ano.
Pré-Sal – CESSAO ONEROSA – BUZIOS 2 – C2 – P-75
O FPSO P-75 será instalado no segundo módulo do campo de Búzios, área da cessão onerosa da Bacia de Santos, e deve entrar em operação também em 2018. A unidade está sendo contruída no Estaleiro Cosco, na China. O diretor interino de Desenvolvimento da Produção da Petrobras, Hugo Repsold, esteve na última semana na China visitando o projeto. O FPSO tem capacidade para produzir 150 mil barris por dia de petróleo e 6 milhões de m3/dia de gás natural.
Pré-Sal – CESSAO ONEROSA – BUZIOS 3 – C3 – P-76
A Techint está concluindo a integração dos módulos e finalizando a conversão do casco da plataforma P-76, que será finalizada ano que vem. Dos 20 módulos da plataforma, 15 foram executados no Brasil pela empresa. O FPSO, que terá 71% de conteúdo local, de acordo com empresa, será instalado no terceiro módulo do campo de Búzios, área da cessão onerosa da Bacia de Santos. A unidade terá capacidade para produzir 150 mil barris por dia de petróleo.
Pré-Sal – LULA EXTREMO SUL – Replicante 4 – P-68
Em dezembro do ano passado, o FPSO P-68 chegou no Estaleiro Jurong, em Aracruz (ES), o casco da plataforma P-68, terceira unidade da série de replicantes que atenderá às demandas de produção de petróleo do pré-sal da Bacia de Santos. A plataforma, do tipo FPSO tem capacidade de processamento diário de 150 mil barris de óleo e de seis milhões de metros cúbicos de gás, pode estocar até 1,6 milhão de barris de óleo e atuará em profundidade d´água de 2,2 mil metros. O Jurong, que já içou todos os módulos para a plataforma, será responsável pelo “carry over” da plataforma.
Pré-Sal – LULA NORTE – Replicante 2 – P-67
Também prevista para entrar em operação em 2018, a plataforma P-67 será integrada na China em um contrato com Estaleiro COOEC, fechado a partir da contrato do consórcio Mendes Jr/OSX. A plataforma P-67 começou no fim de setembro a viagem de quatro meses a partir do estaleiro de Rio Grande, na Região Sul do Rio Grande do Sul, até a China, onde será finalizada. A capacidade de produção será de 150 mil barris de petróleo e 6 milhões de metros cúbicos de gás natural.
Pré-Sal – Replicante 3 – P-69 – Lula Extremo Sul
O FPSO P-69 chegou ao Estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ), em março. Lá, está sendo feita a integração dos módulos com o casco, que tem 288 metros de comprimento, 54 metros de largura (boca) e 31,5 metros de altura e veio do estaleiro Cosco, em Zhoushan, na China, onde foi construído. Após a integração, a plataforma terá capacidade de produzir 150 mil barris de óleo e de 6 milhões de metros cúbicos de gás. A P-69 também está prevista para iniciar a produção no próximo ano.
Tartaruga Verde e Mestiça – FPSO Cidade de Campos dos Goytacazes
O estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ) entregou, em 29 de setembro, o FPSO Cidade de Campos dos Goytacazes MV29 para a Modec. A unidade partiu do estaleiro para o campo de Tartaruga Verde, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. A área é operada pela Petrobras e também deve entrar em operação em 2018.
PROMEF 1 – LOTE 2 – 5 NAVIOS AFRAMAX – ESTALEIRO EAS – PE
Em outubro, a Transpetro recebeu do Estaleiro Atlântico do Sul (EAS) o oitavo suezmax construído pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), o navio Machado de Assis, que tem capacidade para carregar cerca de um milhão de barris de petróleo. Com 274 metros de comprimento, seu porte bruto é de 157.700 toneladas. No EAS existem hoje sete embarcações em construção, dois suezmax e cinco aframax. As últimas cinco embarcações fazem parte do Avançar.
PROMEF 2 – LOTE 05 – 6 navios Gaseiros – Estaleiro Promar
Também em outubro, o navio Lucio Costa, quarto gaseiro entregue à Transpetro, saiu do Estaleiro Vard Promar e seguiu para o Terminal de Suape. Com 117 metros de comprimento e capacidade para transportar 7 mil m³ de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), a embarcação está preparada para operar em todas as regiões do Brasil e na América do Sul. O Estaleiro Promar ainda tem duas embarcações do tipo gaseiro para entregar para Transpetro, subsidiária da Petrobras.
Dutos Norte Rota 3
Em reunião realizada em outubro com representantes de prefeituras do Leste Fluminense, O presidente da Petrobras, Pedro Parente, voltou a afirmar que o Rota 3 faz parte da lista de prioridades da companhia. O Rota 3 compreende um conjunto de dutos, gasodutos e a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Comperj, que será responsável pelo processamento de 21 milhões de m3/dia de gás natural do pré-sal da Bacia de Santos.
A Allseas é hoje responsável pela lançamento da parte marítima do gasoduto, obra que já foi iniciada. A Petrobras realizou duas grandes licitações ao longo do ano para o projeto. A primeira, para a retomada da obra da UPGN, foi vencida pela Shandong Kerui, que apresentou menor preços na concorrência. A segunda licitação teve menor preço apresentado pela Encalso Construções, para as obras de lançamento da parte terrestre do gasoduto, que vai da UPGN até a praia de Maricá, no Rio de Janeiro.
Fonte: E&P Brasil