Com a confirmação por parte da Petrobras de que o casco da plataforma P-71 será construído na China e não mais em Rio Grande, onde teve as obras iniciadas, o Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte e as frentes parlamentares em defesa do polo naval tentam evitar que a estrutura de casco já feita no estaleiro gaúcho da Ecovix seja vendida como sucata. A ideia é impedir uma eventual ação dessa natureza através do Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal (MPF).
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte, Benito Gonçalves, que também é vereador em Rio Grande pelo PT, esteve ontem em Brasília, mantendo reuniões no TCU e MPF, tratando dessa questão. O sindicalista recorda que metade do casco da P-71 já foi concluído no Estado e a Petrobras resolveu encomendar uma obra partindo do zero, sem aproveitar o que já foi feito, na Ásia. As obras nessa plataforma, dentro do estaleiro da Ecovix, foram interrompidas em dezembro de 2016. A empresa, que foi duramente afetada pela operação Lava Jato com investigações quanto à corrupção, encontra-se atualmente em um processo de recuperação judicial e com atividades estagnadas.
Gonçalves ressalta que a medida mais imediata a ser tomada é conseguir evitar a venda de qualquer peça do casco da plataforma que se encontra no estaleiro em Rio Grande como sucata, para depois lutar por uma retomada de obras. “Porque brigar pela retomada do que não existe não adianta”, frisa o sindicalista. De acordo com nota da Petrobras, o casco da P-71 será realizado pelo estaleiro chinês CIMC Raffles, visto que não foram identificados no Brasil estaleiros com capacidade de atender à demanda de construir um novo casco deste porte. O casco tem previsão de entrega no final de 2019. A integração dos módulos da planta de processo no casco está prevista para ser realizada no estaleiro Jurong, no Espírito Santo, onde também está planejada a construção de alguns módulos, conforme contrato original. Segundo nota da estatal, “por questões de ordem técnica e econômica, a alternativa de aproveitar os blocos já fabricados não é a que melhor atende aos interesses da Petrobras e de seus parceiros”.