Otimismo no mercado de sondas

  • 20/03/2018

País poderá ter até 40 sondas de águas profundas em 2021; armadoras olham para a América Latina com otimismo

O Brasil poderá ter até 40 sondas de águas profundas trabalhando nas concessões offshore em 2021. A previsão é da consultoria Bassoe Offshore, que prevê que a Petrobras demandará pelo menos 30 unidades no começo da próxima década, enquanto as outras majors que atuam no país precisarão de mais dez sondas.

Os números estão baseados na previsão da Petrobras de que a nova fase de desenvolvimento do pré-sal poderá demandar até 178 poços, com a instalação de 12 novos FPSOs. Considerando que a perfuração de cada poço pode levar até 100 dias, a Bassoe Offshore estima uma necessidade de pelo menos seis sondas dedicadas somente a esta região. Há ainda expectativa de que as áreas leiloadas em 2017 pela ANP gerarão até 300 novas perfurações no país.

“O Brasil ajudará a aumentar a demanda geral e este é um passo muito importante na melhora da utilização das taxas diárias para todo o mercado de águas profundas”, explica David Shinn, analista da Bassoe Offshore.

As armadoras já estão de olho na perspectiva de novos negócios no país. Se no ano passado quase todas grandes empresas de aquisição de dados mencionaram o Brasil sob uma perspectiva otimista durante conferências com analistas, prevendo a contratação de sísmicas devido aos leilões, desta vez o país começa a aparecer nas falas dos executivos das empresas de sondas.

A Transocean, por exemplo, afirma que o crescimento da participação das petroleiras internacionais no país ajudará a aumentar os preços das taxas diárias, além de criar demanda por novos tipos de ativos, diferentes das unidades geralmente demandadas pela Petrobras.

“Há muito interesse, principalmente das majors, no Brasil (…) Esperamos enorme participação das petroleiras estrangeiras (nos leilões), o que é muito positivo não apenas em termos de investimento estrangeiro, mas também na diminuição da dependência de apenas uma companhia, a Petrobras”, comentou Roddie Mackenzie, vice-presidente de Mercado e Contratos da Transocean, em fevereiro.

Na mesma época, a Ensco afirmou que as contratações na América Latina podem indicar que a demanda e oferta global de sondas já caminha em direção ao equilíbrio.

“Prevemos que Brasil e México vão impulsionar a demanda por floaters nos próximos anos e estamos participando de licitações nestes mercados, com a previsão de unidades começando a trabalhar no segundo trimestre de 2018”, afirmou Carl Trowell, CEO da Ensco, durante conferência sobre os resultados do ano passado.

O executivo provavelmente se referia às licitações iniciadas pela Petrobras em fevereiro. A petroleira abriu a temporada de contratação para substituir parte dos contratos que vencerão ao longo de 2018 com o lançamento de um edital para duas unidades de perfuração ancoradas, uma para 500 m e outra para 2,2 mil m.

Hoje, a companhia brasileira tem em carteira 23 sondas operando no Brasil, além de uma no exterior e três sub judice. Destes, 14 contratos vencem em 2018, sendo que um está sub judice. A previsão é que as contratações continuem e em breve seja aberta uma nova licitação para as campanhas de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, que movimentarão pelo menos duas novas sondas.

Apesar da boas notícias, não há perspectivas de retorno aos números da época em que o barril estava em alta. Em 2013, antes da crise, o país chegou a ter quase 80 sondas em atividade.

“O Brasil provavelmente não voltará para o cenário de quatro, cinco anos atrás, para aquele volume de sondas em excesso. Sozinho, o país não salvará o mercado, mas continuará uma peça chave para a perfuração offshore”, conclui Shinn.

Como ficam os preços?

A previsão também é de continuação nas taxas diárias baixas. O analista da Bassoe Offshore acredita que os valores devem levar pelo menos mais um ou dois anos para entrar em trajetória de recuperação.

“Eu não acredito que o Brasil, sozinho, aumentará as taxas diárias, mas contribuirá para isso, assim como outros países na América do Sul. Isto ajudará os preços eventualmente, mas a previsão ainda é que as taxas diárias para as próximas concorrências da Petrobras sejam bem mais baixas do que em anos anteriores”, explica Shinn.

O próprio presidente da Petrobras, Pedro Parente, indicou recentemente em uma coletiva de imprensa que dificilmente a companhia voltará a pagar taxas como os “US$ 400 mil/dia ou US$ 500 mil/dia de antigamente”.

América do Sul

Outra mudança em relação aos anos anteriores à crise é que, daqui pra frente, a América Latina passará a ter mais atividades para além do Brasil. Além da Guiana, onde a Exxon fez grandes descobertas em águas profundas, também estão previstas contratações de sondas offshore para Peru e Suriname.

A Argentina também poderá se tornar um mercado atraente para as armadoras. O país se prepara para licitar áreas em águas profundas este ano e, se o leilão for bem sucedido, a Bassoe prevê até quatro sondas em atividade em águas profundas no país em 2021.

“Poderemos ver até 50 sondas offshore trabalhando em campanhas de águas profundas em toda a América do Sul dependendo dos resultados dos prospectos”, acredita Shinn.

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20/03/2018|Seção: Notícias da Semana|Tags: |