Recebimento das propostas é remanejado por dois meses e assinatura dos contratos deve ficar para 2019
A Petrobras adiou para o dia 3 de dezembro a entrega das propostas da licitação para o afretamento dos dois FPSOs destinados ao campo de Marlim, na Bacia de Campos. A data estava marcada para 10 de outubro, mas alguns proponentes solicitaram à petroleira nova prorrogação do prazo e o pedido que foi acatado pela comissão de licitação.
As empresas interessadas no processo estão enfrentando dificuldades para fechar o financiamento das propostas. Às vésperas das eleições e diante da incerteza em relação ao resultado das urnas, a percepção das instituições financeiras é de que o risco Brasil está alto, o que impacta o valor final das taxas diárias de afretamento.
Para se ter uma ideia, a taxa média de juros dos financiamentos ofertados no momento para os proponentes está girando acima de 9%. No afretamento do FPSO para o teste de longa duração de Libra, o então consórcio OOG/Teekay fechou financiamento em 2015 com um taxa abaixo de 6%.
As empresas que avaliam participar da licitação já fecharam praticamente todos os detalhes das propostas técnicas, mas seguem analisando internamente as incertezas do financiamento e seu impacto sobre a taxa diária.
Este é o quarto adiamento de entrega de propostas aprovado pela Petrobras, desde o lançamento da licitação em janeiro. Entre as empresas que teriam solicitado mais prazo desta vez estão a Yinson, Teekay e Ocyan.
Novos adiamentos em vista
A tendência é de que tanto no caso da licitação dos FPSOs de Marlim, quanto na concorrência das unidades de produção do Parque das Baleias e de Mero, também em curso, as empresas interessadas solicitem novos adiamentos. O objetivo é transferir a data de entrega das propostas para depois das eleições.
A estratégia, segundo fontes do mercado, seria uma tentativa de precificar a percepção de risco de um eventual retorno do governo PT ou de se beneficiar de juros mais brandos a depender dos resultados das urnas.
A primeira data de entrega das propostas da licitação das unidades de Marlim estava marcada para junho. Desde o lançamento da concorrência, a Petrobras fez algumas alterações nas especificações técnicas dos FPSOs, ligadas ao sistema de tratamento de óleo e de água.
Os dois FPSOs serão destinados ao projeto de revitalização Marlim e, de acordo com o plano de negócios da Petrobras 2018-2022, entrarão em operação em 2021. Batizada Marlim I, a primeira unidade terá capacidade para produzir 80 mil barris/dia e comprimir 7 milhões de m³/d de gás, enquanto o FPSO de Marlim II produzirá 70 mil barris/dia e 4 milhões de m3/dia de gás.
O FPSO Marlim I terá que ser entregue 974 dias após a assinatura do contrato, e a segunda unidade em 1.065 dias, exatos três meses após a primeira. As unidades ficarão afretadas por 25 anos.
A obra de conversão não terá exigência de conteúdo nacional, por se tratar de áreas da rodada zero. As novas unidades substituirão as sete plataformas que operam hoje no campo, com capacidade ociosa, produzindo mais água que óleo.