Mero/Libra: contagem regressiva para novo SPA e novos FPSOs

  • 21/11/2018

O consórcio de Libra retomará a produção do ativo até o fim deste ano com novo sistema de produção antecipada

O trabalho de aquisição de dados no campo de Mero, na Bacia de Santos, irá avançar sob uma nova e importante etapa para o desenvolvimento da fase I. Até o fim de dezembro, o consórcio de Libra retomará a produção do ativo, desta vez com um sistema antecipado interligado ao FPSO Pioneiro de Libra, que irá simular a mesma malha de escoamento do sistema definitivo, utilizando o lay-out de um poço produtor e um injetor, com distância de 1,5 km entre si.

O objetivo central do novo escopo é medir o risco do breakthrough do gás, ou seja, o tempo de aumento gradativo  da razão gás-óleo no poço produtor. Na prática, a Petrobras quer calibrar o tempo que o gás levará para chegar até os poços de óleo.

O foco de atenção está diretamente ligado ao grande volume de gás que será injetado no sistema definitivo e o impacto negativo que isso pode acarretar na produção, caso as projeções não estejam calibradas corretamente. Enquanto no teste de longa duração de estreia de Libra foram injetados 2,7 milhões m3/dia para uma produção de óleo de 45 mil barris/dia de óleo, na fase I de Mero esse volume irá atingir a marca de 11,4 milhões m3/dia de gás, ante a produção de até 180 mil barri/dia de óleo. Além do volume de gás, o sistema definitivo de produção de Mero contará também com injeção alternada de água (WAG).

De acordo com Fernando Borges, gerente executivo da área de E&P da Petrobras para Libra, com o arranjo do novo sistema antecipado de produção será possível ter uma melhor calibração dos poços e do plano de injeção. O resultado, segundo o executivo, proporcionará mais elementos para que o consórcio possa fazer uma lavra mais eficiente do reservatório.

“A principal incerteza é se esse gás vai bater em seis meses, um ano, um ano e meio, dois anos e essa informação é muito importante para saber como a gente vai operar a injeção de gás no campo. Temos uma boa certeza do volume que existe em Mero, mas quando você coloca para produzir em uma situação dinâmica em que se injeta gás e água para se empurrar o óleo dos produtores, a principal incerteza que apareceu foi com que velocidade esse gás vai bater”, reforça Borges.

FPSO Pioneiro de Libra, do consórcio Teekay/Ocyan (Crédito: Ocyan)

Novo projeto

O novo sistema antecipado será realizado com o poço injetor 3-RJS-751D (Mero 2), recém perfurado e que futuramente ficará interligado ao projeto definitivo, e o poço produtor 3-RJS-739A, que esteve conectado ao sistema de estreia do campo. O SPA ficará em operação por cerca de um ano e será realizado na área Noroeste, com o FPSO Pioneiro de Libra mantendo a mesma locação do teste inaugural.

A projeção do grupo técnico é de que sob o layout de 1,5 km de distância, a RGO venha a registrar um incremento gradual no prazo de seis a oito meses. “Vamos calibrar nossa projeção com um teste real. A expectativa é que aconteça, a ferramenta tem um certo grau de precisão hoje, só que a rocha carbonática é muito heterogênea”, afirma Borges.

Teste em Mero 1

Além destes dois poços, o consórcio de Libra irá conectar um terceiro poço ao SPA, no prazo de seis meses. O plano é testar a área Mero 1, interligando um novo poço produtor, por volta de meados de 2019.

Se o resultado da injeção comprovar as expectativas dentro do prazo estimado de seis a oito meses, o consórcio poderá manter apenas o poço produtor de Mero 1 até o fim de 2019, já que o interesse é acelerar a aquisição de informações nesta área. A partir do final de 2019 será iniciada a campanha de perfuração poços de desenvolvimento da fase I, com a contratação de duas novas sondas, atualmente em processo de licitação.

“As sondas chegarão no final de novembro/início de dezembro, mas temos que ter as locações dos poços aprovadas três a quatro meses antes. Tem que ser feito o projeto do poço, aprovado com os sócios e aprovado com a PPSA”, reforça Borges.

Gerente-executivo de Mero/Libra, Fernando Borges: perfuração dos poços de desenvolvimento de Mero 1 no fim de 2019

Nova área

Cumpridos os testes da parte Noroeste, o consórcio de Libra irá remanejar o FPSO Pioneiro de Libra para a área Norte, na chamada “orelha” do campo, onde está previsto o desenvolvimento da fase 4.

Em paralelo aos testes de produção, o consórcio de Libra vem fazendo monitoramento de parte dos poços já perfurados no ativo. Dos 14 poços existentes hoje, oito estão equipados com registradores de pressão e temperatura, que acompanham a queda de pressão na jazida.

“Temos uma rede de poços observadores que estão avaliando a queda de pressão do reservatório. Estamos fazendo isso com o poço produtor e temos toda uma gama de informação onde deixamos registradores de pressão”, afirma Borges.

Contratações à vista

A partir de meados de 2019, o consórcio de Libra voltará ao mercado para contratar os FPSOs de Mero 3 e Mero 4 e no final do ano será a vez do subsea. A tendência é de que as novas unidades de produção tenham o mesmo porte das outras duas, ou seja, capacidade para produzir 180 mil barris/dia de óleo e comprimir 12 milhões de m3/dia de gás, mas o martelo só será batido efetivamente em meados do próximo ano.

O consórcio ainda não definiu também a estratégia a ser adotada para a contratação das duas unidades. Estão sendo avaliadas a possibilidade de uma licitação única ou de dois processos distintos, totalmente independentes.

Tanto a fase 3 quanto a 4 estão programadas para entrar em operação em 2024, com defasagem de cerca de três meses. A expectativa é de que de 2024 a 2029, o FPSO definitivo da fase 4 e o FPSO Pioneiro de Libra possam operar juntos na parte Norte, até o final do contrato da unidade afretada do consórcio Ocyan/ Teekay.

A opção pela estratégia de duas unidades operando simultaneamente na mesma fase irá depender ainda dos resultados dos estudos que vem sendo feitos na área Norte, onde já foram perfurados dois poços, um confirmando a existência de rocha de excelente qualidade e outro apontando para a ocorrência de reservatório fechado, com baixa porosidade que inviabiliza qualquer produção. Na área do poço perfurado em rocha de excelentes características, o fluído apresentou uma RGO bem mais alta e um maior nível de CO2.

Visando investigar o potencial da área Norte, a Petrobras está reprocessando e reinterpretando todos os dados sísmicos já existentes para tentar identificar uma nova locação para perfuração. O consórcio de Libra tem até o fim de 2020 para definir se irá um novo poço na região ou se devolver essa parte do bloco.

Diante do prazo estabelecido pela ANP, o gerente executivo de Libra antecipa que qualquer nova e eventual declaração de comercialidade nesta área dependerá dos próximos resultados e que não acontecerá antes do período de 2021/2022. A área central de Libra tem quase o mesmo tamanho de Mero, sendo que por enquanto toda a atividade está voltada à exploração.

Se os resultados forem satisfatórios, o FPSO Pioneiro de Libra será remanejado para executar um teste nesta região. Num eventual futuro desenvolvimento da área, a expectativa é de que seja demanda a instalação de quatro a seis novas unidades de produção.

Definitivo

Programado para entrar em operação no primeiro semestre de 2021, o primeiro sistema de definitivo de Mero será explotado pelo FPSO Guanabara, que está sendo convertido pela Modec, na China. O projeto contará com um total de 17 poços, sendo que as estimativas são de que o sistema tope a capacidade de produção do FPSO de 180 mil barris/dia de óleo e 12 milhões de m3/dia de gás com um conjunto de apenas 13 poços (seis produtores e sete injetores).

Dos 13 poços, cinco já estão perfurados e oito começarão a ser perfurados a partir do fim de 2019. A campanha de perfuração ficará a cargo das duas novas sondas que estão sendo afretadas para operar em regime de exclusividade no ativo.

O pico de produção da fase 1 está estimado para ocorrer cerca de um ano depois de dada a partida no sistema. A segunda leva de poços só começará a ser conectada cinco anos depois.

No momento, a Petrobras licita o afretamento do FPSO da fase 2, programado para entrar em operação no segundo semestre de 2022. A entrega de propostas está marcada para dezembro, mas as apostas se voltam a um possível adiamento do prazo para o início de 2019. Segundo apurado, a SBM teria solicitado mais prazo ao consórcio de Libra.

Primeiro óleo

O TLD inaugural de Mero foi realizado com o poço injetor 3-RJS-742, localizado a 5 km de distância do poço produtor, ficando em operação por quase um ano, sem que nesse período fosse registrado qualquer vestígio da chegada de gás no poço de produção. O sistema produziu no pico um volume de 58 mil boe/dia.

O projeto foi colocado em operação em novembro de 2017. Na ocasião, o consórcio optou por testar um poço injetor na área de Mero 3 e um produtor na zona de Mero 2.

Fonte: Brasil Energia – Claudia Siqueira
21/11/2018|Seção: Notícias da Semana|Tags: |