SÃO PAULO
A indústria náutica brasileira deve fechar este ano com um faturamento de US$ 800 milhões de dólares, mas a expectativa é de que até 2020 o setor atinja uma receita de US$ 1,5 bilhão. “A média de crescimento, nos últimos dez anos, sem a crise, é de 10%. Apesar disso, em comparação com o resto do mundo, ainda engatinhamos”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar), Eduardo Colunna.
Segundo ele, o mercado nacional de fabricação de barcos e equipamentos ainda está longe de alcançar o patamar de países como a França, Itália, Austrália e Nova Zelândia. Para Colunna, estes são exemplos de nações que reconheceram nesta cadeia produtiva, uma forma de fortalecer a geração de emprego, renda e inovações tecnológicas.
De acordo com a Pesquisa Fatos & Números da Indústria Náutica Brasileira 2012, elaborada pelo Sebrae-RJ em parceria com o governo do Estado do Rio de Janeiro e Fórum Náutico Fluminense, a indústria náutica movimenta mais de US$ 83,5 bilhões em todo o mundo, contabilizando com cerca de 4,9 mil estaleiros, 200 fabricantes de motores, gerando empregos para cerca de 700 mil pessoas.
No Brasil, o mercado conta com cerca de 120 estaleiros formais – entre nacionais e de origem europeia e norte-americana – especializados na fabricação de embarcações de esporte e recreio, desde caiaques, pranchas a vela e motos aquáticas até iates de alto luxo, trawlers e veleiros de longo curso. As Regiões Sudeste e Sul concentram mais de 85% dos estaleiros, com destaque para São Paulo (35% do total), Santa Catarina (21%) e Rio de Janeiro (14%).
Colluna, porém, afirma que o mercado tem sofrido, desde o início de 2013, uma estagnação, resultado de incertezas na economia brasileira. “O barco é um produto que atende a partir da classe média até grandes empresários, se os números da inflação e de crescimento não ficam estabilizados, o empresário mantém sua atenção para os negócios e deixa o lazer para segundo plano”, diz . O otimismo do setor poderá ser visto durante a 16ª edição do São Paulo Boat Show, considerado o maior salão indoor do segmento na América Latina. Com expectativa de gerar R$ 270 milhões em negócios e receber mais de 40 mil visitantes, a feira ocorre a partir de hoje e vai até a próxima terça-feira (22), no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Serão apresentados mais de 230 lançamentos.
Para o diretor técnico do Boat Show, Marcio Dottori, mesmo podendo ser considerado um supérfluo em um momento em que a situação econômica fica mais apertada, o potencial do mercado náutico no Brasil ainda é muito grande. Segundo ele, em 2011 o faturamento do setor foi US$ 750 milhões e deve dobrar até 2020.
O motivo de tanto otimismo está na redução das taxas de Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) que passou de 24% para 10% e na taxa de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que caiu de 25% para uma variação entre 3% e 7%. “Ainda temos uma carga tributária grande, mas estamos mostrando a importância do setor”, diz Colluna.
