A recente definição de um calendário de leilões de campos de óleo e gás no Brasil é, certamente, um dos pilares da retomada no setor. Com novos ativos sendo ofertados, há um efeito positivo para todas as áreas desta indústria. Uma das demandas esperadas pelo mercado se refere aos FPSOs, setor este que ganhará uma atenção especial da Ocyan. “Existem várias oportunidades novas para acontecer não só pela Petrobrás, mas também para outros clientes internacionais que estão no Brasil”, afirmou o diretor superintendente da empresa, Jorge Mitidieri. O executivo explica que, a princípio, a ideia é construir as plataformas em estaleiros de Singapura ou China, enquanto o mercado brasileiro ainda está se recuperando. “Tínhamos uma estratégia claramente definida até o projeto Pioneiro de Libra, com o foco em projetos de FPSO de menor porte. Hoje, continuamos com essa estratégia, mas estamos mentalmente abertos para desafios maiores, caso eles aconteçam”, acrescentou. Mitidieri também antecipou que a Ocyan tem planos de anunciar, em breve, uma nova plataforma para investimentos em tecnologias. “Sabemos que isso é o caminho do futuro para diversificação de portfólio e melhoria de performance. Esse é nosso grande objetivo”, concluiu.
Qual será o foco da empresa em 2019?
Queremos dar continuidade a todo o trabalho que fizemos em 2018, quando tivemos nossa reestruturação financeira consolidada. Lançamos também, no ano passado, a marca Ocyan. Além disso, as operações em todas as plataformas de perfuração, lançamento de linha e FPSOs ocorreram dentro daquilo que imaginávamos, até melhor. Entramos no ano de 2019 com expectativa de focar em algum mercado voltado ao negócio de produção. Os FPSOs hoje são, talvez, o nosso maior foco de crescimento. Em paralelo aos FPSOs, daremos muita ênfase para que todas as operações, que estão hoje em andamento, continuem com a eficiência registrada nos últimos anos, notadamente em 2018.
Falando em operação de ativos, qual o balanço das atividades do FPSO Pioneiro de Libra?
O projeto de Libra entra em seu segundo ano de operação. A operação do Pioneiro de Libra em 2018 foi considerada um sucesso total. Conseguimos operar o FPSO com um uptime superior a 98%, sem incidentes com afastamento. Isto, para nós, é um grande marco. Precisamos replicar isso tudo em 2019.
Voltando a falar sobre os planos para 2019, o senhor poderia falar deste interesse em atuar no mercado do FPSO?
Queremos olhar fortemente para o mercado de FPSOs. Existem várias oportunidades novas para acontecer não só pela Petrobrás, mas também para outros clientes internacionais que estão no Brasil. Vamos focar fortemente no mercado de FPSO, que seja talvez um mercado onde possamos fazer um investimento mais forte.
Em paralelo a isso, estamos estruturando algumas coisas voltadas à tecnologia. Não podemos falar muito nisso ainda. Ao longo de janeiro e fevereiro, poderemos falar sobre novas tecnologias. Uma nova plataforma de inovação que queremos fazer. Mas, no momento, estamos terminando de estrutura-la. Além disso, nós temos um produto chamado CompRiser. Investimos muito nestes últimos três anos nessa solução. Esperamos estar com o CompRiser homologado neste ano e, se possível, participar de concorrências, seja com a Petrobrás ou com empresas internacionais.
De que forma a Ocyan pretende expandir sua atuação dentro da área de FPSO?
Desde 2010, temos uma parceria com a Teekay. Esta é considerada uma parceria de muito sucesso, por ambas as partes. Temos dois FPSOs que foram projetados e construídos em conjunto. Portanto, não faz sentido partir para qualquer projeto de FPSO sem a Teekay. Então, nosso foco nesse momento é permanecer nessa parceria. O segundo ponto da nossa estratégia passa por uma definição de querermos ou não fazer projetos com mais ou menos conteúdo local. Hoje, temos uma preferência por projetos com menos conteúdo local. Isso muito mais porque entendemos que o mercado brasileiro vai voltar aos poucos a se reestruturar. Queremos então aumentar os projetos de conteúdo local conforme o mercado brasileiro melhorar.
Então, seguindo o que fizemos no Pioneiro de Libra e em Cidade de Itajaí, queremos construir o FPSO em [contratos] EPC, fazendo a construção integrada no estaleiro. Estamos estudando alguns estaleiros em Singapura, a princípio. Estamos também conversando sobre algumas alternativas na China. Existe uma possibilidade fazermos também no estaleiro da SembCorp Marine, em Singapura, porque eles foram nossos parceiros nos outros dois projetos. Tentamos sempre repetir aquilo que dá certo.
Quais são os principais desafios?
O projeto de FPSO é de capital intensivo. O nosso grande desafio no projeto de crescer nesse mercado é o capital. O capital para investimentos desse porte, hoje, está muito caro. Então, o nosso grande desafio é encontrar soluções financeiras que viabilizem. Tínhamos uma estratégia claramente definida até o projeto Pioneiro de Libra, com o foco em projetos de FPSO de menor porte. Hoje, continuamos com essa estratégia, mas estamos mentalmente abertos para desafios maiores, caso eles aconteçam. Entendemos que a parceria Teekay e Ocyan está muito forte e nos dá bastante confiança para tentarmos projetos de maior porte.
A Petrobrás, como você sabe, tem algumas oportunidades neste momento. São projetos para revitalização do campo de Marlim, o projeto do Parque das Baleias, Mero 2 e o projeto de Búzios V. Sabemos que a Karoon, Equinor e Shell também tem projetos novos para acontecer. Entramos nesse mercado de FPSO para não sair. E essa parceria com a Teekay está mantida.
O senhor mencionou uma nova plataforma voltada para tecnologias. O que o senhor pode antecipar desta novidade?
Estamos muito focados hoje em fazer investimentos em tecnologia na Ocyan. Sabemos que o futuro passa por novas tecnologias, que possam aumentar a nossa eficiência de performance. Estamos estruturando um programa voltado para investimentos em tecnologias. Sabemos que isso é o caminho do futuro para diversificação de portfólio e para melhoria de performance. Esse é nosso grande objetivo.