A fabricante norueguesa de equipamentos submarinos, engenharia e manutenção Aker Solutions enxerga espaço para aumentar a participação do Brasil no volume total de negócios do grupo. O país, que recebeu investimentos de R$ 1 bilhão nos últimos anos, responde por cerca de 10% do faturamento mundial da companhia, que totalizou 25 bilhões de coroas norueguesas (o equivalente a quase R$ 11 bilhões) em 2018.
“Tem espaço para crescer muito mais (a participação do Brasil no faturamento do grupo). O Brasil é um dos focos principais de crescimento (da empresa)”, afirmou o presidente mundial da Aker Solutions, Luis Araujo, ao Valor, considerando a capacidade produtiva das instalações da empresa no país. Com um total de aproximadamente 4 mil funcionários, o Brasil é o terceiro pais do grupo em número de empregados, atrás apenas da Noruega e do Reino Unido.
“A Aker investiu no Brasil em uma fábrica nova, comprou uma empresa no Brasil, a CSE. Acreditamos no Brasil. Estamos no país há quatro décadas”, afirmou ele, lembrando que a empresa investiu na fase de crise do mercado, o que reforça o compromisso de longo prazo com o país.
No cargo desde agosto de 2014, o carioca é o primeiro não norueguês a presidir a companhia. Segundo ele, a Aker enxerga três grandes áreas de atuação no Brasil. A primeira é demanda natural de petroleiras por equipamentos submarinos. Na opinião do executivo, esse movimento deve se intensificar nos próximos dois anos, quando deverão começar de fato os investimentos nos blocos licitados nos últimos dois anos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A segunda área é a manutenção de plataformas em campos maduros. Esse é o segmento de atuação da CSE Mecânica e Instrumentação, empresa da qual a Aker adquiriu a totalidade das ações no fim do ano passado. Em 2018, a CSE arrematou contratos para a manutenção de 12 plataformas da Petrobras na Bacia de Campos. Além disso, a empresa assinou recentemente dois contratos de manutenção de tanques de armazenamento para a petroleira.
A terceira grande área de atuação é a exportação de equipamentos produzidos nas unidades do grupo no Brasil, entre elas uma unidade inaugurada em 2016 em São José dos Pinhais (PR), considerada uma das mais modernas fábricas de equipamentos submarinos do mundo.
Em março, serão entregues os primeiros, de um total de 47, sistemas de controle encomendados pela norueguesa Equinor para três projetos de produção no Mar do Norte.
A exportação dos equipamentos é um diferencial para a Aker. Pela regulação do setor petrolífero, com o contrato com a Aker, a Equinor ganha créditos de conteúdo local que podem ser utilizados no cálculo da meta de nacionalização de bens e produtos nos projetos da petroleira no Brasil.
Araujo aposta também em uma quarta área, ainda pequena, mas promissora, dedicada a projetos de geração de energia eólica offshore (marítimos). Nesse setor, a Aker está investindo para fornecer cabos elétricos dinâmicos. Segundo o executivo, o segmento ainda é pequeno no Brasil. “Mas estamos plantando a semente”.