Embarcação blindada e de rápida velocidade, que custou R$ 1,5 milhão à Marinha do Brasil, também será utilizada para repressão de crimes ambientais.
Uma lancha blindada de rápida velocidade tornou-se a principal da Marinha do Brasil no combate ao narcotráfico, à pirataria e a crimes ambientais na região do Porto de Santos, no litoral de São Paulo. A embarcação começou a operar esta semana e será utilizada durante ações em conjunto com as autoridades policial, alfandegária e ambiental.
A Raptor “Mangangá ” tem nove metros de comprimento, pode atingir mais de 70 km/h, navega em regiões com profundidade mínima de 50 centímetros, é capaz de abrigar cinco militares na cabine, cuja blindagem suporta até tiros de fuzil, e pode ser equipada com metralhadoras. A lancha custou R$ 1,5 milhão e foi fabricada no Rio de Janeiro.
O Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Sul-Sudeste, com sede no cais santista, foi escolhido para receber a embarcação pelas características do porto. Além de ser o mais importante do país, com participação superior a 25% na balança comercial, ocorrências envolvendo o embarque ilícitos e impactos ambientais são comuns.
“A lancha atua contra crimes transfronteiriços [contrabando, exploração sexual, evasão de divisas, crimes ambientais e tráfico de drogas, pessoas, armas e munições] em coordenação com outros órgãos. São ações específicas de zonas de fronteira”, explica o Comandante do 8º Distrito Naval, vice-almirante Claudio Henrique Mello de Almeida.
A Marinha possui uma embarcação idêntica em Foz do Iguaçu, na Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, e outras duas na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, onde foi apelidada de “Caveirão Marítimo” em referência aos carros blindados da Polícia Militar utilizados na capital fluminense. Todas foram fabricadas pelo estaleiro DGS Defense.
O comandante do grupamento em Santos, o capitão-de-fragata Carlos Marden Soares Pereira da Silva, explica que os militares a bordo da Mangangá, assim como as demais lanchas semelhantes, possuem treinamento específico para realizar abordagens no mar. Com o novo veículo, será possível chegar a lugares ainda não patrulhados no cais.
“Estamos prontos para empregá-la em qualquer necessidade. Além de poder navegar em águas rasas, ela possui equipamentos de visão noturna, radares e sensores que permitem patrulhamento 24 horas e em qualquer condição de mar, inclusive na região dos fundeadouros [área em mar aberto onde navios aguardam para acessar o cais]”, diz.
Segundo ele, a Mangangá pode oferecer pronta e rápida resposta, em apoio aos outros órgãos, em casos que envolvam o embarque de drogas em navios mercantes, a partir de barcos menores com criminosos, e até mesmo invasão de “piratas” por motivos diversos a cargueiros. O objetivo, pela agilidade, também é evitar crimes ambientais.
O nome escolhido, segundo a autoridade marítima, faz referência à espécie de peixe-pedra ou peixe-escorpião, que tem espinhos venenosos espalhados na região dorsal. Como o animal vive em águas rasas e se camufla entre corais e pedras, pode ser facilmente pisado. “A dor é tão intensa que nem a morfina consegue aliviar”, definiu a Marinha.
O Grupamento de Patrulha Naval do Sul-Sudeste, que é vizinho à Capitania dos Portos de São Paulo, tem à disposição os Avisos-Patrulha “Barracuda” e “Espadarte”. São embarcações de guerra, menos ágeis que a Mangangá, mas maiores em dimensões. Em abril, é esperada a chegada do primeiro navio patrulha e, em setembro, o segundo.
Com o navio, a expectativa do grupamento é ampliar a capacidade atual de atuação, de 22 km (12 milhas náuticas) a partir da costa, para o limite exterior do mar territorial, que é de 370 quilômetros (200 milhas náuticas). Além do patrulhamento em região de exploração de petróleo, também fortalece as atividades de Busca e Salvamento (SAR).