Equipamentos do último FPSO replicante da Petrobras eram transportados para o estaleiro Jurong, no Espírito Santo
A balsa Locar V, de propriedade da Locar, naufragou parcialmente na noite de sábado (18/5) enquanto transportava dois módulos de geração de energia da plataforma P-71 – o último dos seis FPSOs replicantes da Petrobras. O incidente ocorreu na costa de Itajaí (SC) sem deixar vítimas ou provocar vazamento de óleo. A balsa era rebocada pelo rebocador TS Favorito, da Tranship.
Os módulos M-15 e M-16 eram levados ao Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo, onde será feita sua integração ao casco, construído no Estaleiro Raffles, na China. Avaliados em US$ 150 milhões, os equipamentos fabricados pelo consórcio MGT (DM Construtora e TKK Engenharia) afundaram parcialmente.
Em ofício enviado à Capitania dos Portos em São Francisco do Sul (SC) no mesmo dia da ocorrência, a Proamar Serviços Marítimos, representante da Tranship, informou que os módulos foram “a pique de forma parcial, tendo ficado com uma parte boiando de forma submersa em conjunto com a sua carga por causas ainda indefinidas”.
A agência marítima acrescentou que a tripulação do TS Favorito se encontrava estável e realizando manobra para manter em observação a Locar V e sua carga em decorrência do mau tempo.
“No momento a Tranship Transportes Marítimos Ltda está tomando todas as medidas cabíveis frente ao ocorrido, onde se coloca totalmente à disposição desta autoridade através de seu representante legal”, concluiu a Proamar.
Originalmente, a Petrobras previa instalar a P-71 na área de Iara, onde estão os campos de Sururu, Berbigão e Oeste de Atapu. Depois dos atrasos nas obras de construção, a plataforma foi retirada do plano de negócios da Petrobras, ficando de fora do cronograma de projetos de produção para o período 2019-2023.
Segundo uma fonte da companhia, a área de E&P estuda, hoje, um projeto conceitual para alocar a unidade no campo de Lula, na Bacia de Santos.
A Petrobras não revela a data prevista para o primeiro óleo da P-71. A última previsão oficial da petroleira era que o trabalho de integração dos módulos ao topside ocorreria no primeiro semestre de 2020.
Executivos consultados pela BE Petróleo acreditam que, como o sistema não entrará em operação até 2023, haverá tempo hábil para fabricação de novos módulos, sobretudo se a construção for feita fora do Brasil. O tempo médio para a construção de um gerador varia de 12 a 18 meses.
Outra opção seria a utilização de máquinas de geração e compressão disponíveis, como parte dos equipamentos adquiridos para os FPSOs P-72 e P-73.
Capacitada para produzir 150 mil b/d de óleo, a P-71 faz parte de um pacote de oito cascos replicantes de FPSOs encomendados em 2010 à Engevix, no Estaleiro Rio Grande (RS), e destinados ao cluster de Santos (P-66, P-67, P-68, P-60, P-70, P-71, P-72 e P-73). Diante da crise do grupo brasileiro e o atraso nas obras, a Petrobras transferiu parte das obras para estaleiro asiáticos e cancelou as duas últimas plataformas. .
Ainda não há informações sobre as causas do acidente. Um ex-executivo da Petrobras informou que a tendência é que a petroleira seja ressarcida pela seguradora, e que esta acione a empresa transportadora, a depender das causas identificadas.
Procurada, a Petrobras confirmou o incidente e disse que mais informações serão divulgadas oportunamente.
A Locar não respondeu ao contato feito pela BE Petróleo até a publicação da matéria.