Funcionário de carreira da Petrobras, Julio tinha 64 anos e sofreu um infarto fulminante em casa na manhã deste domingo
O ex-secretário de Fazenda e de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro, Júlio Bueno, faleceu na manhã de domingo (18/8), vítima de infarto, aos 64 anos. Engenheiro, formado pela UFRJ, com mestrado pela Universidade de Birmingham, o executivo fez carreira na Petrobras, onde ingressou em 1978.
Ao longo da carreira, presidiu o Inmetro, entre 1995 e 1999, implantando importantes mudanças de gestão no instituto, e comandou a BR Distribuidora, onde ocupou os cargos de presidente e diretor, de 1999 a 2003.
Em seguida, ingressou na esfera política, assumindo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Espírito Santo. Quatro anos depois, passou a comandar a mesma pasta do Rio de Janeiro, trazendo diversas empresas para se instalar no estado. Entre fevereiro de 2015 e julho de 2016, esteve à frente da secretaria de Fazenda do estado, comandando as finanças no auge da crise fluminense, na gestão do ex-governador Luiz Fernando Pezão.
Em 2017, junto com a jornalista, amiga e ex-assessora de imprensa das secretarias de Desenvolvimento Econômico e de Fazenda do Rio Janeiro, Jacqueline Farid, escreveu o livro Rio em Transe – No Núcleo da Crise, no qual narrou fatos, números e os bastidores da calamidade financeira vivida pelo estado. Respeitado no setor, atraiu uma multidão de amigos e executivos na noite de autógrafos. A longa fila de espera saía da livraria e se estendia pela calçada de Ipanema.
Bueno vinha se dedicando à Monex, sua empresa de consultoria, e fazia muitos planos. No dia 12 de agosto, concedeu sua última entrevista ao Café com Cavanha – parceiro da Brasil Energia – na qual criticou a privatização da BR Distribuidora.
Figura carismática, de sorriso farto e fala alta, Júlio Bueno destoava – no melhor dos sentidos – do padrão de executivos do mundo corporativo. Desprovido de pose, provou ser possível conciliar altos cargos públicos mantendo a simplicidade e sem perder o profissionalismo.
Boêmio assumido e tricolor fanático, fez ponto durante muito tempo no Restaurante Amarelinho do centro, no final das tardes de sexta-feira. Andava a pé até lá e, quando encontrava algum conhecido (eu fui uma) pelo caminho que perguntasse o que estava fazendo caminhando pelo centro, respondia sem pestanejar que estava indo para o bar porque sexta-feira era dia disso e não de trabalhar até tarde.
Carioca com a cara do Rio, frequentava o Maracanã. Em 2010, concorreu à presidência do Fluminense, mas não se elegeu.
Dono de frases de peso e posições fortes, que rendiam bons lides e títulos, era querido e respeitado no meio jornalístico e em todo setor. Uma de suas declarações marcantes foi, por sinal, feita em entrevista à Brasil Energia: “Incentivo fiscal é igual a amor de carnaval”.
O velório do executivo será nesta segunda-feira (19/8), às 10 h, na Capela 7 do Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro. O corpo será cremado às 11 h.
Júlio Bueno deixa a esposa, dois filhos, três netas e uma legião de amigos saudosos, com muitos casos e boas histórias para serem contadas sobre ele.