Executivos do alto escalão de empresas como Petrobrás, Shell, Cosan e Siemens Energy estão avaliando que o Brasil terá um grande futuro como produtor e consumidor de hidrogênio para geração de energia. A projeção foi feita por André Araújo (Shell), André Clark (Siemens Energy), Luís Henrique Guimarães (Cosan) e Roberto Ardenghy (Petrobras) durante uma live promovida pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP). Os participantes também comentaram quais são as iniciativas de cada uma de suas empresas nesse segmento e qual será o papel do hidrogênio em um futuro de economia de baixo carbono.
“A economia do hidrogênio vem. É a próxima onda e é inexorável”, afirmou o CEO da Siemens Energy Brasil, André Clark. Ele lembra que o país, diferentemente de outras nações, não tem uma matriz tão dependente de fontes poluentes, como o carvão. Mas, ainda assim, existem setores da economia que precisam evoluir no tema da descarbonização. “Temos cadeias fundamentais, como a mineral e a do aço, onde o hidrogênio se apresenta como descarbonizador excepcional dessa questão. Mesmo no mundo do petróleo, a utilização de hidrogênio para uma série de utilizações se mostra como algo bastante importante”, avaliou.
Clark disse acreditar que o Brasil pode ser um grande produtor de hidrogênio e destacou que o elemento pode ser usado em processos industriais e até mesmo para enriquecer biogás. “As aplicações são enormes. Nós já estamos desenvolvendo isso no Brasil junto com os clientes. Com dinheiros de vários locais. Todos com cara de P&D ainda. As aplicações comerciais ainda são raras. Mas vai rapidamente se concretizar”, afirmou.
O grupo alemão anunciou recentemente o desmembramento da divisão Gas & Power e a criação de sua nova empresa de energia – a Siemens Energy -, justamente com foco em oferecer soluções inovadoras em energia convencional e renovável. “Nossa missão é ajudar nossos clientes a descarbonizar suas operações. A indústria de óleo e gás é a principal. O maior salto de descarbonização é justamente na área de óleo e gás”, concluiu Clark.
O diretor-presidente da Cosan, Luis Henrique Guimarães, também seguiu o mesmo tom do seu colega da Siemens e projetou que “o mundo vai caminhar para uma era do hidrogênio”, sendo que “o Brasil está super bem posicionado nisso”.
“Não vamos precisar capturar hidrogênio da atmosfera, porque o Brasil já tem o hidrogênio na forma do etanol do biogás e do biometano. O Brasil hoje se posiciona não só como grande produtor de biocombustíveis, mas também já tem uma grande avenida para ser competitivo no que acreditamos que será a era do hidrogênio”, avaliou Guimarães.
Já o CEO da Shell Brasil, André Araújo, disse que o hidrogênio está no coração da companhia há muito tempo. “Temos focado em um quadro amplo de oportunidades e trabalhamos com isso há muito tempo. Há mais de 30 anos que a companhia investe em hidrogênio, com participação ativa na Dinamarca e Alemanha”, disse o executivo.
O dirigente do braço brasileiro da petroleira anglo-holandesa acredita que o país é fadado a ter bastante sucesso no setor de hidrogênio e que seria importante ter alinhamento dos diversos segmentos para priorizar este tema. “O Brasil é cheio de oportunidades. Não precisamos esperar a tecnologia se provar. Precisamos tatear os diversos elementos e sair na frente da tecnologia que for comercialmente vitoriosa nesta disputa do hidrogênio”, completou.
Por fim, o diretor executivo de Relacionamento Institucional da Petrobrás, Roberto Ardenghy, também trouxe a visão da estatal sobre o tema, afirmando que a empresa está há muitos anos trabalhando com várias linhas de pesquisa sobre hidrogênio. O debate foi mediado pela presidente do IBP, Clarissa Lins. Conforme noticiamos, a comandante da instituição revelou na ocasião que a próxima edição da Feira Rio Oil & Gas será realizada em dezembro no formato totalmente digital.