Petrobras adia licitação do FPSO da cessão onerosa, alegando revisão do projeto
A licitação para o afretamento do FPSO de Itapu (cessão onerosa) pode estar com os dias contados. A Petrobras adiou a data de entrega de propostas para o dia 31 de agosto e, simultaneamente, encaminhou comunicado aos participantes informando que o futuro do projeto será definido até essa data.
Segundo o comunicado, a postergação de 42 dias tem em vista o novo cenário de preço do barril do petróleo. No informe sucinto, a Petrobras afirma que informará posteriormente sobre a continuidade – ou não – da contratação do navio-plataforma afretado.
Conforme antecipado pelo PetróleoHoje, a Petrobras estuda a possibilidade de instalar em Itapu o FPSO P-71, que, pelo atual plano de negócios da companhia, seria instalado no projeto de Lula Fator de Recuperação (Lula FR) em 2022. Apesar dos estudos em curso, a estatal não dá detalhes sobre a estratégia em análise aos participantes.
Fontes do consórcio de Lula (Petrobras, Petrogal e Shell) relatam que os dados são restritos até mesmo internamente. A percepção das empresas é que Lula Fator de Recuperação (Lula FR) é um projeto economicamente viável mesmo com o preço do barril do petróleo mais baixo.
A notícia do adiamento do prazo de entrega de propostas, junto ao comunicado e às informações vazadas anteriormente sobre a possível mudança de estratégia em relação à licitação do FPSO, agravam o clima de preocupação em relação à licitação.
Empresas de FPSOs alegam que o custo de elaboração de propostas para o afretamento de uma unidade do porte de Itapu gira em torno de US$ 3 milhões, além de monopolizar um grupo grande de funcionários. A estratégia adotada preocupa as operadoras de plataformas, mesmo as não interessadas no contrato de Itapu.
“O recado dado com isso é ruim. O cancelamento de qualquer projeto nunca é bom, mas, pior ainda, é a forma como essa questão está sendo conduzida e arrastada”, avalia uma fonte do setor.
A data de entrega das propostas estava marcada para o dia 27 de julho. A licitação para o afretamento do FPSO de Itapu foi lançada há um ano, em julho de 2019.
O FPSO requerido pela Petrobras no edital teria capacidade para produzir 120 mil bopd e comprimir 3 milhões de m³/d de gás. O contrato de afretamento tem prazo de 21 anos, e a exigência de conteúdo local mínimo para a conversão está estipulada em 25%.
No setor, prevalece a avaliação de que o cancelamento provocaria mal estar entre as empresas de FPSOs e a Petrobras. Especula-se que a estratégia, se confirmada, impactaria futuras cotações da petroleira, com as afretadoras e bancos passando a precificar, em suas propostas, o “risco Petrobras”.
Herança da fase dos FPSOs próprios, a contratação da construção da P-71 foi fechada no final de 2010, no pacote das unidades replicantes. As obras enfrentaram diversos problemas, passando por mais de um estaleiro, e, ao longo desses anos, a plataforma foi avaliada para diversos projetos da Petrobras.
No momento, a P-71 passa por obras de integração no Estaleiro Jurong (ES). O início de operação da unidade está programado para 2022.
A seguir, o PetróleoHoje publica o texto do comunicado encaminhado pela Petrobras às empresas:
“A comissão de Licitação informa que a data fim de apresentação de propostas do presente processo de contratação será postergado em 42 dias (31 de agosto ) devido à necessidade de reavaliação do projeto de Itapu em função do cenário atual do mercado de Óleo e Gás. Até o término desse período, a comissão de licitação , em novo comunicado, informará sobre a continuidade ou não do processo de contratação do FPSO afretado”.