Contagem regressiva para definição da licitação e o rumos do projeto da cessão onerosa
A próxima semana será decisiva para o futuro da licitação voltada ao afretamento do FPSO de Itapu, projeto da cessão onerosa, localizado no cluster de Santos. A Petrobras baterá o martelo para definir se prossegue com o processo de contratação da unidade de produção ou se cancela e realoca o FPSO P-71 para ser instalado na área.
Depois de um longo período de espera, pautado por adiamentos e indefinições, prevalece a aposta de que a Petrobras irá cancelar a licitação. Apenas a Ocyan e a SBM vinham demonstrando interesse pelo processo.
Informalmente, a Petrobras adianta que anunciará sua decisão ao mercado na próxima semana, até sexta-feira (30/10). No final de agosto, a comissão de licitação adiou o prazo de entrega das propostas para o dia 3 de novembro, alegando que o desfecho da concorrência ocorreria até essa data.
Se confirmada, a transferência da P-71 para o projeto de Itapu representará uma reviravolta. O FPSO estava programado para ser instalado no projeto de Lula Fator de Recuperação (Lula FR) em 2022. Fontes do consórcio formado por Petrobras, Galp e Shell afirmam que ainda não há definição e consenso sobre a mudança de cenário.
Parte do consórcio defende que Lula FR não deve sofrer alteração. A avaliação é que o projeto é economicamente viável, mesmo com o preço do barril do petróleo mais baixo.
A P-71 está sendo submetida a obras de integração no Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo. Embora o remanejamento venha sendo estudado pela Petrobras, não há qualquer sinalização de como ficaria o projeto de Lula FR diante de uma eventual mudança de escopo.
A licitação para o afretamento do FPSO de Itapu vem sendo adiada sistematicamente nos últimos meses. A partir do início da pandemia da Covid-19 e da crise do preço do barril do petróleo, a Petrobras começou a avaliar a possibilidade de realocar a P-71 no projeto.
A concorrência voltada ao afretamento do FPSO de Itapu foi lançada em julho de 2019. A unidade solicitada no edital tem capacidade para produzir 120 mil barris/dia de óleo e comprimir 3 milhões de m³/d de gás.
Se a estratégia de utilização da P-71 no projeto de Itapu for efetivamente confirmada, a Petrobras terá de equacionar questões delicadas junto aos sócios do projeto. Afora a definição do novo conceito para o desenvolvimento de Lula FR, será preciso ressarcir a Shell e a Galp pelos investimentos aplicados na longa e enrolada obra do FPSO.
Especialistas alertam também para o risco de discussão sobre lucro cessante das duas petroleiras estrangeiras, caso a entrada em operação de Lula FR não ocorra em 2022.
No que diz respeito a Itapu, há a questão da otimização do profit oil, junto à Pré-Sal Petróleo (PPSA). Sem as taxas de afretamento da licitação para efeito de comparação, há quem especule que a aprovação da mudança da unidade possa se estender por um tempo mais longo, devido à necessidade de comprovação informações técnicas e comercias do projeto para a empresa responsável por gerenciar os contratos de partilha da produção no país.