Para classificadora, cenário mundial de aumento de projetos offshore em águas profundas, regulamentações de emissões mais rigorosas e necessidade de embarcações mais eficientes e confiáveis apontam para aumento de contratações de navios aliviadores.
O atual cenário mundial de aumento de projetos offshore em águas profundas, as regulamentações de emissões mais rigorosas e a necessidade de embarcações mais eficientes e confiáveis apontam para um aumento na demanda de shuttle tankers modernos. A avaliação da sociedade classificadora American Bureau of Shipping (ABS) é que essa necessidade deve se concentrar particularmente no Mar do Norte, Golfo do México e no Brasil. O ABS observa que o número crescente de FPSOs operando na costa brasileira e o aumento no volume de produção dessas unidades, fazem com que haja um aumento natural na demanda de navios aliviadores. Essa tendência, segundo a classificadora, se aplica à Petrobras e demais petroleiras com produção de petróleo no país.
Na visão do ABS, o mundo está passando por uma rápida transformação tecnológica e as regras de classificação devem refletir as novas tecnologias e uma melhor performance em relação ao impacto sobre a preservação do meio ambiente. Dessa forma, áreas como controle de emissões e de poluição, tecnologia digital para o projeto e controles operacionais, ergonomia e segurança cibernética, fazem parte dos aspectos a serem considerados em um projeto moderno dessas embarcações.
Cálculos precisos do índice de projeto de eficiência energética (EEDI) na fase de projeto, considerações para o uso de sistemas híbridos de energia e combustíveis alternativos, funcionalidade do layout da ponte de comando, existência de um sistema de gerenciamento de segurança cibernética, técnicas digitais para suporte de aplicativos de inspeção remota, são exemplos de áreas atualmente refletidas nas regras e procedimentos da sociedade classificadora que, recentemente, publicou o documento “ABS Shuttle Tanker Advisory – October 2020” que faz uma abordagem detalhada desses aspectos.
A principal atividade dos shuttle tankers é transportar o petróleo armazenado nos FPSOs, ou FSOs, para os terminais de petróleo em terra, ou para outro navio para a exportação dessa carga. Como o navio aliviador deve ser capaz de manter a posição durante a aproximação, carregamento e partida, o posicionamento dinâmico (DP) é um de seus sistemas mais importantes.
A classificadora entende que um sistema DP bem projetado é essencial para prover o navio dessa capacidade, extremamente necessária para a segurança e eficiência de sua operação. “A notação DP2 reflete o grau de redundância aplicado aos sistemas de propulsão, geração de energia, propulsores e controle. Um bom projeto do sistema de posicionamento dinâmico e seus equipamentos de suporte é de extrema importância e este é talvez o sistema mais complexo neste tipo de embarcação”, salientou o vice-presidente da ABS na região sul-americana, José Carlos Ferreira.
Os shuttle tankers costumam ser encomendados em associação com um projeto ou contrato específico. Devido às suas particularidades, é raro ver esses navios encomendados de forma especulativa. Desta maneira, não é comum encontrar unidades desse tipo disponíveis no mercado para contratação imediata. Em 2020, a Petrobras começou a receber navios-tanques afretados pela companhia.
Estudos de mercado recentes preveem um número significativo de FPSOs a serem instalados nos próximos anos, com a maioria dessas unidades a serem posicionadas na costa brasileira. “O ABS está posicionado de forma singular para apoiar armadores, afretadores e operadores de shuttle tankers desde as fases iniciais do projeto e construção, como também durante o seu ciclo de vida operacional”, ressaltou Ferreira. Há mais de 70 anos neste mercado no Brasil, a empresa aposta nas oportunidades de revisão de projetos localmente e em sua rede de vistoriadores no país.
Baseado no histórico de construção de petroleiros em estaleiros no Brasil, o ABS considera possível construir shuttle tankers no país. No entanto, a avaliação é que seria necessário contar com projetos bem desenvolvidos. Para a classificadora, uma atenção especial deve ser dada à instalação de componentes e recursos especializados, como sistema DP e o sistema de carregamento de proa (bow loading system), que não estão presentes em navios petroleiros convencionais. “No que diz respeito à competitividade dos custos para a construção no Brasil, esta é uma resposta a ser dada pelos próprios estaleiros”, comentou Ferreira.