Vice-almirante Edésio disse que, apesar da construção ser em Itajaí, toda a parte de softwares será desenvolvida no Rio de Janeiro. Arsenal de Marinha será aparelhado para fazer manutenção das futuras fragatas.
O diretor-presidente da Empresa Gerencial Projetos Navais (Emgepron), vice-almirante Edésio Teixeira, acredita que existe espaço para desenvolvimento e atração de diversos fornecedores da cadeia naval no Rio de Janeiro a partir do fortalecimento do cluster naval local. Ele destacou que o Rio tem dois importantes polos nas baías de Guanabara e de Sepetiba. Teixeira lembrou que o estado conta com a maior parte das organizações da Marinha do Brasil, além de ser a sede da esquadra e de importantes programas, como o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) e o programa com propósito de construção de submarino de propulsão nuclear.
O presidente da Emgepron considerou fundamental a integração das atividades da indústria naval do Rio de Janeiro e de Niterói, que reúnem 18 estaleiros no entorno da Baía de Guanabara. Teixeira acrescentou que o Rio tem dois estaleiros militares: a base naval em Itaguaí, que está dedicada ao Prosub, e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Ele contou que o AMRJ faz a manutenção da esquadra no Rio e será aparelhado para, futuramente, fazer a manutenção das fragatas classe Tamandaré, que serão construídas em Itajaí, em Santa Catarina.
Ele adiantou que, ao serem incorporadas à esquadra, as fragatas Tamandaré ficarão sediadas no Rio de Janeiro, o que demandará a manutenção e apoio logístico a esses meios navais. “Como são navios sofisticados, [as fragatas] atrairão empresas no limiar da tecnologia”, disse, na última terça-feira (27), em evento sobre o cluster tecnológico naval do Rio de Janeiro, promovido pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Além do setor de defesa, os idealizadores do cluster elencam uma série de atividades para fortalecimento do conceito de economia do mar, desde exploração de petróleo e operações portuárias até turismo e lazer.
Teixeira disse que, além das questões de soberania, as atividades de defesa concentram responsabilidades da autoridade marítima para questões associadas ao controle do ambiente marinho e da segurança das atividades no mar. Ele ressaltou que, apesar da construção estar concentrada em Santa Catarina, toda a parte de tecnologia e softwares das fragatas será desenvolvida no Rio de Janeiro, por uma das empresas que faz parte desse consórcio responsável pela construção das quatro fragatas. “Existe espaço para vários fornecedores da cadeia naval no Rio de Janeiro que estão sendo aproximados”, afirmou.
A expectativa é que o cluster esteja consolidado em cinco anos, sendo a etapa atual de estruturação e a fase seguinte, dedicada à alavancagem, leve até três anos para ser concluída. No evento, o contra-almirante Walter Lucas da Silva, diretor-presidente na Associação do Cluster Tecnológico Naval-RJ, acrescentou que a construção das fragatas é só o começo de um processo que vai demandar muito serviço ao longo do ciclo de vida das embarcações, estimado em cerca de 30 anos. Ele lembrou que, em julho, a Marinha avançará mais uma etapa da obtenção do navio de apoio Antártico (NApAnt), disputado por três consórcios.