Sempre que chamada, a indústria naval atendeu às necessidades do país. Porém, ao longo da história, a falta de uma política de Estado levou a uma sucessão de altos e baixos. Foi assim no final do Império, no início da República, com Juscelino, na ditadura de 64. Mais recentemente, com Lula e Dilma, a construção naval viveu momento de glória, com mais de 80 mil empregados diretos, parcerias internacionais, instalação no Brasil de centros de tecnologia e desenvolvimento de uma ampla cadeia de fornecimento de peças e serviços. Com a derrubada de Dilma, quase tudo foi desmontado, abrindo mão dos postos de trabalho e da geração de valor interno por um misto de ideologia e intere$$e$ em trazer produtos do exterior.
O Rio de Janeiro foi particularmente afetado, pois é no estado que se concentra boa parte da produção nacional, apesar da expansão que houve para outros locais durante o período do PT no Governo Federal. Por isso, chama atenção que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo fluminense dê ênfase ao descomissionamento de plataformas no estado. O processo ocorre quando as plataformas alcançam o fim de sua vida útil e precisam encerrar as atividades. Segundo afirmou a Secretaria semana passada, em audiência na Comissão Especial da Indústria Naval e de Offshore e Petróleo da Assembleia Legislativa (Alerj), a iniciativa pode estimular a revitalização da indústria naval fluminense.
O relator da Comissão, deputado Felipe Peixoto (PSD), acredita que o mais importante é avaliar a plena utilização e a inovação do parque industrial naval. “É inadmissível perdemos o potencial que o nosso estado tem nesse setor. Temos que aproveitar nossa estrutura, mas é importante investir em inovação e em quais tecnologias nós podemos trazer para o estado. Senão, vamos ficar com embarcação velha, desmobilizando só para virar matéria-prima”, criticou o parlamentar.
Estudos apontam para a possibilidade de aumento na industrialização, a médio prazo, principalmente com investimentos na cadeia produtiva do gás. Para o diretor da Assessoria Fiscal da Alerj, Mauro Osório, o desenvolvimento econômico do setor no estado depende da ampliação e da diversificação da estrutura produtiva.