A exemplo do processo da P-78 e P-79, processo de contratação do FPSO do módulo 9 de Búzios deve atrair grandes consórcios, podendo garantir, de quebra, a aquisição da P-81
A licitação da Petrobras para contratação da P-80 e de uma outra unidade para o projeto de Búzios pode acabar esbarrando na dificuldade de atrair um número maior de empresas interessadas e disponíveis. Com os consórcios Keppel/ Hyundai e Daewoo/ Saipem prestes a fechar os contratos da P-78 e P-79, respectivamente, e diante do fato de a licitação para aquisição das duas primeiras unidades próprias ter atraído, na ocasião, apenas mais um consórcio, prevalece a avaliação de que o novo processo tende a ter pouca disputa e que os epecistas e estaleiros devem optar, novamente, pela estratégia de formar mega consórcios ao invés de se arriscar em investidas solo.
Na prática, 12 grupos nacionais e estrangeiros estão habilitados para disputar o contrato da P-80 e, quem sabe, o da P-81. A nova lista aprovada pela Petrobras inclui o Brasfels, EBR (Estaleiros do Brasil), Daewoo Shipbuilding, Hyundai, Keppel, SBM, Technip, Modec (habilitada antes do bloqueio), Toyo e Saipem, qualificados no processo anterior, em 2020, e novamente revalidados, além dos novatos Queiroz Galvão e Sembcorp, habilitados no trâmite recente, iniciado em fevereiro de 2020.
Dessa vez, o estaleiro Samsung optou por ficar de fora do novo processo de qualificação dos epecistas. O grupo coreano integrou consórcio com a Toyo e o EBR para disputar a licitação da P-78 e P-79, mas acabou desclassificado pela Petrobras na ocasião.
A brasileira UTC e o grupo chinês CIMC Raffles tentaram se qualificar junto à Petrobras no processo da P-80, mas foram desqualificados.
Estratégias comerciais
Como o edital é recente, as empresas precisarão de mais tempo para avaliar os termos do negócio e determinar suas estratégias de participação na licitação. A tendência é que os consórcios comecem a ser formados daqui a cerca de dois meses.
Prevalece a aposta de que Toyo e EBR voltarão a apresentar proposta, como fizeram no processo da P-78 e P-79. Com o Samsung de fora da qualificação técnica, os dois grupos devem buscar nova formação de consórcio.
O mercado aguarda com atenção pelo posicionamento da Technip e da Queiroz Galvão na licitação.
Já em relação ao Keppel/ Hyundai e Daewoo/ Saipem, existe a percepção de que as empresas poderão declinar do bid da P-80. A análise é pautada no fato de os dois consórcios terem indicado interesse por apenas uma unidade na licitação da P-78 e da P-79.
Outra ausência tida como praticamente certa é da SBM, cuja estratégia é direcionada ao modelo de afretamento e não de EPC. Outra baixa garantida é da Modec, que além de estar impedida de disputar novas licitações da Petrobras também não demonstra interesse por contratos de construção da petroleira brasileira.
Detalhamento da licitação
O edital da licitação para contratação da P-80 foi lançado na Petronect, na terça-feira (4/5), um dia após a Petrobras ter liberado comunicado ao mercado informando a decisão de adquirir nova unidade para o projeto de Búzios. No documento, a petroleira solicita propostas para um FPSO com capacidade para produzir processar 225 mil barris/dia de óleo e processar 12 milhões de m³/dia de gás natural, mesmo porte do FPSO Almirante Tamandaré, recém afretado da SBM e previsto para entrar em operação em 2024.
O bid foi dividido pela Petrobras em dois lotes distintos. No lote A, a comissão de licitação requer proposta firme para a P-80, enquanto no B é indicada a possibilidade de contratação de pelo menos um outro FPSO.
As empresas interessadas em participar da licitação terão que indicar na proposta do lote A se tem ou não interesse em um outro FPSO. Pelas regras do edital, nesse caso, a segunda unidade será contratada pelo preço de 92,6% do valor da oferta apresentada para a P-80.
A entrega das propostas foi marcada para 30 de setembro. Diante do porte do FPSO requerido e da complexidade do projeto, o mercado aposta que a data seja postergada.
As propostas para o lote A terão que ter validade de 180 dias, enquanto o prazo das ofertas do segundo lote será de 170 dias. A obra de construção da P-80 será feita sob o modelo de EPC (Engineering, Procurement and Construction), com exigência de 25% de conteúdo local.
O prazo de construção será de 42 meses. A P-80 irá compor o módulo 9 de Búzios, previsto para entrar em operação entre 2025 e 2026.
As empresas participantes poderão oferecer redução do prazo de construção de até 60 dias. A estratégia poderá ser indicada tanto na etapa da apresentação das ofertas, quanto na fase de obra, assegurando o que irá assegurar desconto/bônus de US$ 617 mil/dia.
P-78 e P-79
No que diz respeito ao EPC da P-78 e da P-79, unidades destinadas aos módulos 7 e 8 de Búzios, os contratos serão assinados em breve. A estimativa da Petrobras é de formalizar o negócio com o consórcio Keppel/ Hyundai em maio, ficando o contrato com o Daewoo/ Saipem para julho ou julho.
A P-78 e a P-79 tem início de operação previsto para 2025. Os FPSOs terão capacidade para produzir 180 mil barris/dia de óleo e 7,2 milhões de m³/dia de gás.
A proposta original do Keppel/Hyundai na licitação foi de US$ 2,3 bilhões. Já o consórcio Daewoo/Saipem precificou o projeto em US$ 2,6 bilhões.
A Petrobras negociou os valores das duas propostas, mas mantém, até o momento, sigilo sobre os valores finais acordados com os dois consórcios.