As Comissões de Indústria Naval, de Offshore e do Setor de Petróleo e Gás e de Ciência e Tecnologia, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizaram audiência pública nesta segunda-feira (21/06), para discutir sobre a criação de um cluster marítimo (polo tecnológico) com representantes de universidades públicas e instituições científicas do estado, além dos membros da Assessoria Fiscal da Casa. Durante a reunião, o diretor-presidente da Empresa Gerencial Projetos Navais (Emgepron), almirante Edésio, apontou que o setor naval brasileiro pode gerar de empregos diretos até 2030.
“O Brasil deve priorizar o mar como instrumento para o seu desenvolvimento, e o estado do Rio de Janeiro tem tudo para se transformar em um dos principais pontos mundiais do desenvolvimento da economia do mar. Não há outro lugar no mundo que tenha tanto potencial de desenvolver essas atividades econômicas que tem o mar como foco. Pretende-se que, em 2030, a economia do mar contribua com um valor agregado de três trilhões de dólares, o que representa cerca de 5% a 6% na economia global. Além disso, a expectativa é de gerar centenas de postos diretos de trabalho, além dos empregos indiretos”, afirmou o almirante.
De acordo com Edésio, o Rio apresenta grande potencial para consolidar um cluster marítimo. “Nós temos uma natural vocação marítima, além de proximidades geográficas, sociais, institucionais, culturais e tecnológicas entre os diversos agentes econômicos. Isso não é somente em relação ao segmento industrial-comercial, mas também às instituições públicas e privadas, e principalmente ao meio acadêmico. Temos mais de 50 universidades e grandes centros de pesquisa, como o da Petrobras, como a COPPE/UFRJ e como o Centro Tecnológico da Marinha do Rio de Janeiro”, explicou.
O diretor da Emgepron ainda sugeriu a criação de uma “Autoridade para Desenvolvimento da Economia do Mar”. Segundo ele, o órgão poderia ser instituído na estrutura da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Industrial, com objetivo de conduzir, de maneira integrada e coordenada, as questões de exploração do potencial marítimo do estado do Rio de Janeiro.
Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, o deputado Waldeck Carneiro (PT) enfatizou a importância de elaborar políticas públicas para o setor. “O Rio de Janeiro tem potencial para se desenvolver além dos reparos e dos descomissionamentos. Em relação ao Porto de Niterói, se conseguirmos ultrapassar os obstáculos relacionados à dragagem no canal São Lourenço, podemos abrir alternativas importantes para o eixo do leste fluminense, onde há uma atuação muito importante na área de offshore. É importante que saibamos quais são as dificuldades, para que possamos realizar interlocuções com outros órgãos também”, explicou o parlamentar.
“Estamos ampliando as discussões sobre investimentos em infraestrutura e qualificação do mercado, com o objetivo de promover uma grande união em prol da retomada do crescimento do setor naval. Estamos, também, pretendendo agendar uma reunião com o governador Cláudio Castro, para discutir medidas de desenvolvimento para o setor da indústria naval e offshore”, afirmou a presidente da Comissão de Indústria Naval, deputada Célia Jordão (Patriota).
O economista e diretor da Assessoria Fiscal da Alerj, Mauro Osório, frisou a importância de estabelecer uma organização para enxergar oportunidades para o desenvolvimento econômico do Rio. “Precisamos trabalhar de forma sistêmica. As forças armadas têm uma presença muito forte aqui no estado, e praticamente não há interação entre as lideranças estaduais e as forças armadas. Hoje, 80% dos fornecedores da Petrobras estão fora do Rio, então precisamos enxergar grandes oportunidades para a economia. Ainda temos o Fundo Soberano Estadual, que foi criado justamente com esse objetivo, e vamos discutir como podemos usar esses recursos para estruturar a economia fluminense”, comentou.
Participante da reunião, Magda Chambriard, da Assessoria Fiscal da Alerj, salientou a relevância da atuação da Marinha do Brasil nas atividades do setor naval. “Quando trabalhamos com petróleo no Rio, não podemos deixar de relacionar com a Marinha do Brasil. A Marinha fiscaliza as atividades de exploração e produção junto com a Agência Nacional do Petróleo, nos auxilia a monitorar o tráfego naval de navios sísmicos, as embarcações de apoio, a prevenir acidentes, entre outros”, disse.