Sem interessados, Petrobras posterga por seis meses a entrega de ofertas para EPC do nono FPSO do campo de Búzios.
A Petrobras adiou para 2022 a data de entrega das propostas da licitação para contratação da P-80, FPSO que irá compor o 9º módulo de Búzios, no cluster de Santos. O novo prazo foi remarcado para 18 de maio, ou seja, seis meses após a data anterior, marcada para 16 de novembro.
De acordo com a operação do PetróleoHoje, o adiamento foi motivado pela falta de interesse das empresas até o momento na construção do FPSO P-80, cujo edital foi lançado em maio. Depois de realizar algumas rodadas de conversas recentes com empresas de afretamento e epecistas, a Petrobras optou por melhorar as condições de pagamento, reduzindo o cashflow negativo para a empresa vencedora do contrato.
A Petrobras encontrou dificuldade em atrair o interesse de empresas do setor. Isso se explica não apenas pelas condições comerciais estabelecidas no edital, mas também pelo fato de que os consórcios Keppel / Hyundai e Daewoo / Saipem já estarem comprometidos com os recentes contratos da P-78 e P-79, respectivamente. Passados quatro meses desde o lançamento do edital, não havia qualquer movimentação de formação de consórcios, ao contrário da estratégia adotada pelas empresas nas licitações da P-78 e da P-79, no qual os grupos foram logo formados.
Doze grupos estão habilitados pela Petrobras para disputar o contrato – Brasfels, EBR (Estaleiros do Brasil), Daewoo Shipbuilding, Hyundai, Keppel, SBM, Technip, Modec (habilitada antes do bloqueio), Toyo, Saipem, Queiroz Galvão e Sembcorp.
Projetada para produzir 225 mil barris/dia de óleo e 12 milhões de m³/dia de gás, a construção do FPSO P-80 deverá mobilizar investimentos da ordem de US$ 2,5 bilhões. A contratação da unidade será conduzida sob regime de EPC (Engineering, Procurement and Construction).
Embora já fosse esperado, o adiamento gerou certo frisson no mercado. Com a alteração de seis meses no cronograma, a tendência é que a contratação da unidade de produção acabe sendo postergada para o início de 2023 ou, no melhor dos cenários, ocorra apenas no último trimestre de 2022.
O cenário apresentado pelas empresas forçou a desaceleração pelo menos temporária do processo de contratação de Búzios. A Petrobras vinha priorizando e imprimindo forte ritmo aos bids do projeto.
A licitação da P-80 foi liberada em maio, prevendo originalmente a entrega de propostas para setembro. Em junho, já percebendo a falta de interesse do mercado, a comissão de licitação adiou a data de ofertas para novembro.
Dividida em dois lotes, a licitação prevê a contratação não apenas da P-80, mas também a possibilidade de aquisição de até outros dois FPSOs não firmes (P-81 e P-82), que seriam destinados aos módulos 10 e 11. O lote A requer proposta firme para a unidade do 9º módulo, enquanto o B é voltado à possibilidade de contratação de até outras duas plataformas.
Os três novos FPSOs envolvidos no edital terão a mesma capacidade de 225 mil barris/dia de óleo e 12 milhões de m³/dia de gás natural, com porte idêntico ao do FPSO Almirante Tamandaré, recém-afretado da SBM e previsto para entrar em operação em 2024. As empresas que participarem da licitação terão que indicar na proposta do lote A se tem ou não interesse nos outros FPSOs do edital.
As unidades não firmes, se contratadas, serão adquiridas pelo preço de 92,6% do valor da oferta apresentada para a P-80.
O prazo da obra será de 42 meses, sendo que a P-80 deverá entrar em operação em 2026. A exigência de conteúdo local das unidades é de 25%.