Para Bruno Galhardo, presidente da câmara setorial de equipamentos navais da Abimaq, implantação de projetos de geração de energia proveniente dos ventos em águas brasileiras permitirá vinda para o Brasil de embarcações que são realidade principalmente na Europa.
A implantação de projetos de geração eólica em águas brasileiras permitirá a vinda de uma série de embarcações que são realidade principalmente na Europa. Para o presidente da Câmara Setorial de Equipamentos Navais, Offshore e Onshore (CSENO) da Abimaq, Bruno Galhardo, a família de novas embarcações, com propósitos específicos que darão suporte a esse tipo de operação de instalação (offshore wind support vessels), virá com força para o Brasil quando os projetos forem viabilizados. Galhardo disse que o Brasil tem total capacidade para construir esse tipo de embarcação, pois já construiu unidades mais complexas. No entanto, ele observa um movimento mais forte para conversão de embarcações do que para construção de novas unidades, considerando que a ociosidade de embarcações de apoio ainda é grande nos mercados nacional e internacional.
“Estaleiros nacionais talvez não tenham feito nenhum projeto até hoje, mas capacidade técnica teriam para fazer conversão de uma embarcação como essa para atuar no mercado eólico offshore. Não vejo nenhuma dificuldade para o Brasil ter relevância para esse mercado”, analisou, nesta quarta-feira (24), durante o Fórum do Mercado Brasileiro de Energia, promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Na ocasião, ele destacou os SOVs (Service operation vessels) e os WTIVs (Wind turbine installation vessels), embarcações que darão suporte à instalação de torres eólicas offshore e que hoje não operam no Brasil. “Sabemos o número de embarcações no apoio no mundo sofre ociosidade. As chances de termos conversões de embarcações no futuro próximo e que traga negócios para o Brasil são bem relevantes”, projetou Galhardo.
O presidente do Conselho de Energia Eólica e do grupo de trabalho de energia solar (fotovoltaica), Roberto Veiga, contou que empreendedores nacionais e internacionais já apresentaram projetos de geração de energia eólica, que dependem da consolidação da normatização do uso do mar para geração de energia. “O que falta é acelerar essa possibilidade de se utilizar o mar de forma consciente e técnica para que possamos iniciar o projeto de energia eólica offshore no Brasil”, avaliou.
Ele disse que existem leis não consolidadas que permitiriam exploração da eólica offshore no Brasil, mas que, no entendimento governo, Tribunal de Contas da União (TCU) e outros órgãos de controle, essas lei deveriam ser consolidadas para permitir o direito uso do mar, que tem uma prerrogativa de uso pelo governo. Veiga considera que as discussões de implantação, principalmente do ponto de vista ambiental, são mais ‘emocionais’ do que práticas. Ele citou que existe um acordo firmado entre o Ministério de Minas e Energia e uma entidade dinamarquesa no sentido de buscar entendimento das consequências da viabilização do mar para geração energia por fonte eólica.
Veiga ressaltou que a cadeia produtiva e a fabricação de estruturas para geração dessa fonte de energia no mar é semelhante à utilizada em parques eólicos onshore, porém em outros patamares. No mundo, já existem projetos de turbinas eólicas offshore com capacidade instalada acima de 10 megawatts (MW), em fase de testes. Ele acredita que essas instalações seguirão o mesmo caminho das eólicas onshore e terão infraestrutura disponível para seus projetos. Ele ponderou que todo o sistema de geração de energia inovador no Brasil começou com incentivo.
Ele lembrou que os primeiros parques eólicos no Brasil começaram com custo alto, subsidiados à época pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa), e depois chegou a bater a menor tarifa mundial, mais barata até mesmo que a fonte hidrelétrica. “É preciso um incentivo com tarifa subsidiada no começo permitindo que a demanda de mercado seja jogada dentro da cadeia produtiva no Brasil e, com incentivo de bancos de desenvolvimento, permita que o custo da energia eólica seja baixo”, sugeriu Veiga.