85% dos financiamentos do FMM para apoio offshore vencerão até 2031

  • 01/09/2022

Empréstimos com recursos do fundo setorial geraram compromissos de amortização até 2041. Empresas defendem manutenção de modelo para renovação da frota nacional para atender demandas nos próximos anos

Um levantamento aponta que os financiamentos com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) celebrados para investimentos privados em embarcações de apoio marítimo geraram compromissos de amortização/juros de até 20 anos (2021-2041). O saldo de R$ 24,3 bilhões abrange R$ 4,8 bilhões aplicados em operações em moeda nacional e R$ 19,5 bilhões aplicados em operações em moeda estrangeira.

A carteira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), principal agente financeiro do fundo setorial, representa aproximadamente 65% do total dos financiamentos. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam), 85% da dívida vencerá entre 2022 e 2031. Os dados têm como base relatório do BNDES de novembro de 2021 (gráfico).

 

A Abeam e o Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma) entendem que a lei que cria o BR do Mar (14.301/2022), ainda que endereçada à cabotagem, trouxe alguns dispositivos para favorecer as demais modalidades de navegação. Para o apoio marítimo, as entidades destacam a possibilidade de reescalonamento de financiamento e a aplicação de prazos carência.

“Precisamos contar com a sensibilidade dos agentes financeiros de fomento do fundo para que essas operações de crédito sejam realizadas, que as embarcações sejam corretamente mantidas e que a frota siga se desenvolvendo, esperando as novas oportunidades de exploração e produção de energia offshore”, disse recentemente a vice-presidente da Abeam e do Syndarma, Lilian Schaefer, durante o painel ‘Cenários da indústria naval e offshore’ da 16ª Navalshore, promovido pela Portos e Navios.

A Abeam avalia que o segmento retoma as expectativas de renovação da frota que foram freadas por força da pandemia de Covid-19. “O mercado superou o baque e, hoje, já temos mais de 400 embarcações operando. A bandeira brasileira, que durante um período esteve ociosa, voltou a ser contratada. É o momento de novas adaptações, de se pensar no futuro e na necessidade de renovação da frota”, projetou Lilian.

Ela ressaltou que mais de 90% das embarcações de apoio marítimo operando atualmente são de bandeira brasileira, fruto do sucesso da política pública vigente para o segmento, em referência às leis 9432/1997 e 10.893/2004. A associação destaca que a atual política setorial permitiu a construção de mais de 200 embarcações de apoio marítimo e investimentos da ordem de US$ 10 bilhões por empresas brasileiras e estrangeiras estabelecidas no país. “Hoje o maior desafio para o setor é a preservação da nova estabilidade regulatória”, afirmou a executiva no evento.

No mercado mundial de barcos de apoio offshore, o Brasil possui a 5ª maior frota, com destaque para a 2ª maior frota de PSVs (transporte de suprimentos) 3.000 e a segunda posição em AHTS (manuseio de âncoras) acima de 10.000. No ranking de 18 países com PLSV (lançamento de linhas), que possui mais tecnologia embarcada, a frota brasileira ocupa a 4ª posição e é a mais jovem do mundo — segundo levantamento apresentado pela Abeam.

Ela observa oportunidades futuras a partir de geração de energia elétrica no mar, como em projetos eólicos offshore. “É estratégico para um país ter frota de embarcações de apoio marítimo, seja hoje para atender indústria de O&G, seja amanhã para atender a qualquer forma de exploração de energia offshore”, salientou Lilian.

Fonte: Portos e Navios – Danilo Oliveira
01/09/2022|Seção: Notícias da Semana|Tags: , , , |