Em reunião na última semana, Sinaval se comprometeu a encaminhar informações sobre diferenciais de concorrentes asiáticos e demandas dos estaleiros nacionais para voltar a construir embarcações no país
O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) pretende encaminhar ao Ministério da Fazenda, até a próxima semana, um relatório com dados relacionados à competitividade da construção naval brasileira em comparação às indústrias de outros países que se destacam nessa atividade, como China e Coreia do Sul. O objetivo é levar ao governo informações técnicas que contribuam com a discussão sobre políticas públicas que estimulem a retomada da construção de ativos navais em estaleiros nacionais.
Representantes do Sinaval levaram demandas do setor ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em reunião na última quinta-feira (2), em Brasília. O vice-presidente executivo do Sinaval, Sérgio Bacci, disse que o governo tem dado atenção e demonstrado interesse à pauta da indústria, olhando para temas como custos, aspectos tributários, tipos de embarcações demandadas, geração de empregos e qualificação da mão-de-obra.
“O ministro quer um estudo detalhado porque o presidente (Lula) vai cobrar sobre esse assunto. Estamos preparando o documento. Ouvir sugestões do que pode ser feito para retomar a indústria nos deixou animados. Encaminharemos [relatório] até a semana que vem. Vamos falar como é a indústria naval em outros países para entender porque o custo é maior e quais discussões que deverão ser enfrentadas”, adiantou Bacci, que esteve presente à reunião.
Ele avalia que a retomada da indústria não ocorrerá de uma hora para outra, mas enxerga demandas potenciais que podem gerar, num primeiro momento, novas iniciativas para construção de embarcações de apoio marítimo e navios petroleiros e gaseiros, como ocorreu na época do Prorefam e do Promef. Outra demanda mapeada pelos estaleiros, segundo Bacci, é a renovação da esquadra da Marinha do Brasil, que possui planos de construir 12 navios-patrulha. “Com esses projetos, temos demanda de 5 a 7 anos de construção, a partir da entrega da primeira [unidade] e obras garantidas. É preciso acertar o que é prioridade. Demanda não falta”, analisou Bacci.
Dados do Sinaval apontam que o crescimento da indústria naval no Brasil resultou na construção de 605 embarcações até 2016 e na criação de mais de 80.000 empregos diretos e 400.000 indiretos, além da qualificação da mão-de-obra da cadeia produtiva de petróleo e gás e do desenvolvimento da economia dos municípios, onde os estaleiros estão localizados. A partir da crise iniciada entre o final de 2014 e início de 2015, no entanto, o sindicato estima que o setor tenha perdido mais de 60.000 postos de trabalho.