Macnor, representante da fabricante norueguesa, será responsável pela supervisão de instalação e pós-venda de equipamentos ao futuro navio polar da Marinha do Brasil. Prazo de entrega dos itens está previsto para maio de 2024.
A Brunvoll firmou um contrato para a entrega de um pacote de equipamentos de propulsão e de manobras para o navio de apoio Antártico (NApAnt) da Marinha do Brasil, que será construído no Estaleiro Jurong Aracruz (EJA), no Espírito Santo. A Macnor Marine, representante da fabricante norueguesa no Brasil, será responsável pela supervisão de instalação e no pós-venda, oferecendo manutenção preventiva permanente para os equipamentos. O prazo de entrega dos itens está previsto para maio de 2024.
Para a Macnor, a opção da Jurong em ter um único fornecedor para esse pacote facilita a interface dos equipamentos. A representante destaca que são equipamentos de qualidade e longa durabilidade. Com 110 anos de existência, a Brunvoll fornece soluções para propulsão, desde thrusters, linhas de eixo e hélices até sistemas de posicionamento dinâmico (DP) e de controle.
O navio polar, que se chamará “Almirante Saldanha”, ajudará a reduzir o tempo de reabastecimento da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). A construção será realizada no EJA e a embarcação tem expectativa de iniciar operações no terceiro trimestre de 2025. As principais especificações da embarcação incluem um comprimento de 103,16 metros e uma largura de 18,5 metros, em conformidade com a notação de classe polar PC6. Com uma velocidade de cruzeiro de 12 nós, a embarcação terá autonomia de 70 dias para acomodar sua tripulação de 95 pessoas, que inclui 26 cientistas.
A entrega da Brunvoll incluirá produtos próprios e de seus parceiros, com baixos níveis de ruído e vibração, importantes para a realização de pesquisas científicas a bordo de um navio oceânico. A fabricante salienta que a configuração de hélice de passo fixo com motores acoplados diretamente aos eixos do hélice ajuda a reduzir os níveis de ruído e de vibração da propulsão principal, garantindo alta eficiência energética. Para atingir a redundância necessária para a exploração da Antártida, será empregado um arranjo de parafuso duplo.
O pacote também abrangerá lemes com Integrated Costa Propulsion (ICP) e caixas de direção de parceiros. Além disso, dois ‘Rim-Driven Tunnel Thrusters’ serão instalados na popa, enquanto a proa da embarcação contará com dois hidrojatos que estão fora do escopo de Brunvoll. Toda propulsão e o equipamento de manobra serão amarrados juntos no sistema de controle e propulsão da Brunvoll (BruCon PTC), que contará com BruCon DP2 com joystick.
A Macnor, juntamente com seus parceiros, ainda tem oportunidade de contribuir com outras demandas da força naval. “Estamos em negociações com a Jurong para o fornecimento de vários outros equipamentos para o NApAnt e também para as fragatas no estaleiro Thyssenkrupp, em Itajaí (SC)”, contou o diretor executivo da Macnor, José Carlos Guimarães à Portos e Navios.
Na visão da Macnor, o modelo de gestão do ciclo de vida da embarcação adotado no projeto da Marinha contribui com a mudança de mentalidade da indústria brasileira no que diz respeito à manutenção preventiva. “Achamos de fundamental relevância o acertado critério da Marinha em adotar a manutenção preventiva ao longo do ciclo de vida da embarcação. Sem dúvida, garantirá uma substancial sobrevida e qualidade operacional dos equipamentos”, afirmou Guimarães.
A parte de serviços e pós-venda continua forte para a Macnor em 2023. Com o aumento da tonelagem em operação no Brasil, a Macnor identificou uma crescente demanda de sobressalentes e serviços de manutenção para os navios de apoio marítimo, shuttle tankers (aliviadores) e nas plataformas. No final do ano passado, a Macnor acreditava que as oportunidades aumentariam em 2023, inclusive com sinais de demanda para novas construções no Brasil.
A expectativa de que, entre 2023 e 2025, deverá estimular uma reativação dos estaleiros para novas construções continua firme. “Achamos que o aumento da produção de petróleo e gás, em razão do início das operações de novas plataformas de produção no Brasil, está se refletindo no aumento gradativo dos barcos de apoio. Armadores deste segmento tem nos últimos anos, importado tonelagem para suprir esta demanda”, analisou Guimarães.
Ele acrescentou que parte da frota brasileira de barcos de apoio está obsoleta, necessitando de modernização técnica em geral e upgrade no que se refere à diminuição do consumo de combustível e emissão de CO2. Guimarães já percebe armadores iniciando avanços para construção de novos navios no Brasil. Outra expectativa é que, com o início das instalações de parques eólicos offshore previsto para 2025, haverá significativa demanda para barcos do tipo SOV (Service Operation Vessel) na costa brasileira.
Como a frota mundial deste tipo de embarcação ainda é reduzida, a Macnor acredita que haverá a necessidade de construção de muitos deles no Brasil. “Após cinco anos de inatividade, a indústria naval no Brasil finalmente dá sinais de recuperação. Há uma grande expectativa de vários pedidos de vários tipos de embarcações para serem colocados em diferentes estaleiros em um futuro próximo”, projetou Guimarães.