Presidente da Transpetro observa que, apesar de estarem sem obras relevantes, estaleiros de grande porte conseguiram manter equipamentos em bom estado durante escassez de encomendas que dura cerca de 10 anos.
O presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, avalia que a indústria naval precisará enfrentar a requalificação da mão de obra, porém num cenário melhor do que há cerca de 20 anos, quando a construção naval estava com uma carteira relevante de encomendas. Ele disse que essa atividade requer mão de obra intensiva, com processos de construção que estão em constante modernização no mundo. Bacci acredita que, apesar de a formação da mão de obra depender dos estaleiros, existe boa vontade no setor para ajudar no processo de requalificação. Ele mencionou que procurou o Serviço Social da Indústria (Sesi) e que o presidente da entidade, Vagner Freitas, demonstrou interesse em ajudar e ouvir os estaleiros.
“Após ficar sete anos sem construir nada, a hora que a mão de obra voltar, vai ter que ser requalificada em função da modernização dos estaleiros, que terão que ser feitas. Mas a situação é bem melhor do que em 2004”, afirmou em entrevista ao movimento ‘SOS Brasil Soberano’, ligado ao Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ), que foi veiculada na tarde desta quinta-feira (15).
O presidente da Transpetro observa que, em junho, a situação da construção naval continua ruim, como nos últimos anos. Sem encomendas de navios de grande porte e de plataformas há cerca de 10 anos, a mão de obra foi se perdendo e os estaleiros demitiram grande parte de seus efetivos nesse período. O número de empregos nessa indústria caiu de aproximadamente 82.000 empregos no final de 2014 para cerca de 20.000 no começo de 2023, segundo dados do Sinaval.
Bacci relatou que, durante visita recente ao Estaleiro Rio Grande (RS) na companhia do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, observou que aquele ativo conseguiu preservar em bom estado o canteiro de obras, oficinas e outros equipamentos da instalação. “Estaleiros, apesar de estarem sem obras, parados tiveram cuidado de mantê-los para agora, numa possível retomada, começar num patamar melhor do que em 2004, quando não havia [muitos] grandes estaleiros. Começamos melhor do que foi em 2004, do ponto de vista industrial”, avaliou.
Ele considera importante que o Brasil hoje tenha estaleiros de grande porte em diferentes regiões do país, mas frisou que os certames para contratação seguirão critérios rigorosos de governança. “Nos processos licitatórios, não podemos escolher onde fazer. Todos irão participar e o estaleiro que der melhor preço e prazo será contratado”, garantiu. Bacci também deixou a porta aberta para eventuais grupos interessados que manifestarem interesse em construir no Brasil. “Se houver gente de fora que queira construir no Brasil será bem-vinda, só que as contratações não vão levar em consideração as questões regionais. Vai ter bastante oportunidade. Se não atender a todos, vai atender a uma parte dos estaleiros”, salientou.