Desse total, previsto para esse ano, R$ 5 bilhões são destinados principalmente a projetos de navegação interior e apoio portuário. Mercadante anunciou spread reduzido para embarcações com menores níveis de emissões
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) projeta contratar, em 2024, um montante da ordem de R$ 6,6 bilhões de recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para novos projetos. Desse total, R$ 5 bilhões são referentes a projetos de infraestrutura e logística, principalmente dos segmentos de transportes fluviais (barcaças graneleiras e balsas mineraleiras), além de empurradores fluviais e rebocadores. Outros R$ 1,6 bilhão estão em análise para o setor de petróleo e gás, incluindo barcos de apoio offshore, navios-tanque, módulos, FPSOs, bem como descomissionamento.
O BNDES, que responde por cerca de 75% dos financiamentos do fundo setorial, não realizou contratações no segmento de infraestrutura e logística em 2022 e contratou R$ 223 milhões no ano seguinte. De 2023 a 2024, o banco projeta crescimento de 2.142% nas contratações, crescimento puxado pela navegação interior e pelos segmentos de commodities (agronegócio e mineração). No setor de O&G, há perspectiva de crescimento de 230% nas contratações, puxado por demandas da Petrobras e da Transpetro. O banco de fomento somou R$ 484 milhões para o segmento de O&G em 2023, ante R$ 491 milhões no ano anterior.
“Existe uma demanda forte e isso gera musculatura na construção naval para avançarmos com mais segurança para projetos mais complexos”, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, nesta segunda-feira (29), durante o seminário ‘Transição Energética no Mar: Desafios e Oportunidades para o Brasil’, promovido pelo BNDES, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ). Ele acrescentou que os R$ 6,6 bilhões são voltados para projetos com taxa de longo prazo (TLP) e sem subsídios na linha de crédito. Segundo Mercadante, os projetos estão em análise e têm potencial para alavancar esse setor de forma rápida.
Spread reduzido
Na ocasião, Mercadante apresentou uma medida de incentivo do banco para aumentar a competitividade de projetos de construção de embarcações que reduzam a emissão de gases do efeito estufa. Os projetos que estiverem com a perspectiva de reduzir 30% das emissões terão um desconto de 0,2% no spread do BNDES na construção. Também serão aplicados descontos de 0,4% na modernização e conversão, e de 0,2% para manutenção, reparo e docagem. O presidente do BNDES explicou que a medida foi desenhada com a finalidade de ser um incentivo à descarbonização da frota naval, seguindo os parâmetros da Organização Marítima Internacional (IMO). “Estamos reduzindo o spread para fomentar, induzir e estimular mais projetos e mais investimentos nessa área”, garantiu.
Mercadante disse que o BNDES acredita na engenharia naval brasileira e que o país tem condições de alavancar a indústria e se destacar em diferentes nichos, como petroleiros classe MR1 e MR2, além de navios gaseiros, que são embarcações de menor porte. Ele destacou que a Petrobras possui papel importante porque é uma grande afretadora e que a Transpetro, com uma frota de 26 navios de grande porte, pode fortalecer esse segmento. “Existe uma demanda forte e isso gera musculatura na construção naval para avançarmos com mais segurança para projetos mais complexos”, afirmou.