Associação mapeou, pelo menos, 10 projetos de aplicação de pequenos reatores modulares à indústria marítima
A Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan) defende que a descarbonização profunda passa pela contribuição da energia nuclear. A associação identificou que existem cinco importantes aplicações da energia nuclear para descarbonização marítima. Além da propulsão naval, existem outras aplicações, como a geração de energia subsea para aplicações em águas profundas ou cobertas por banquisa (bancos de gelo).
Uma possibilidade é a geração de energia offshore em plataformas flutuantes, considerando que as unidades mais modernas têm limitação de potência instalada. Outra aplicação listada pela Abdan é a energia para operações portuárias, com potencial de ascensão de complexos industriais portuários que poderiam ser alimentados diretamente por usinas nucleares flutuantes. A associação também enxerga a alternativa de produção de combustíveis sintéticos.
O diretor técnico da Abdan, Leonam Guimarães, observa que a indústria nuclear passa por uma transformação significativa com a ascensão dos SMR – pequenos reatores modulares com objetivo de reduzir incertezas e custos de alocação de capital das usinas nucleares de grande porte. A avaliação é que os SMRs representam o futuro da energia nuclear, bastante impulsionada pelas considerações relativas à segurança energética num cenário de inseguranças de natureza geopolítica.
“Fazendo isso, [o SMR] abriu perspectivas de aplicação não convencionalmente de fornecer energia elétrica para redes nacionais, mas para outras aplicações, em especial em setores de difícil descarbonização, incluindo setor marítimo”, disse Guimarães, que é coordenador do Comitê Científico e Tecnológico da Amazul.
A Abdan mapeou, pelo menos, 10 projetos de aplicação de SMRs à indústria marítima. China, Dinamarca, Coreia do Sul, Rússia, Canadá e EUA estão projetando SMRs marítimos e alguns outros países estão à procura e a desenvolver oportunidades relativas ao desenvolvimento e implantação de tecnologia SMR de base marítima através da cooperação internacional.
Atualmente, existem 180 reatores movendo 140 navios e submarinos em seis diferentes países. Guimarães observa uma retomada da discussão com escritórios de projetos e empresas propondo soluções de propulsão naval para grandes navios mercantes, que já tiveram sucesso técnico, mas não comercial. Ele citou projeto chines de um porta-conteiner projetado para operar em altas velocidades.
Segundo Guimarães, existe perspectiva positiva da energia nuclear ser o motor da produção de combustíveis em grande escala, como descarbonização profunda requer. “Os SMRs podem energizar complexos industriais litorâneos, offshore e até subsea”, ressaltou, na última semana, durante painel do seminário ‘Transição Energética no Mar: Desafios e Oportunidades para o Brasil’, promovido pelo BNDES, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ).