CSENO/Abimaq defende que futuras construções de navios priorizem conteúdo local, promovendo desenvolvimento da cadeia de fornecimento nacional e fortalecimento da soberania industrial do país
A Câmara Setorial de Equipamentos Navais e Offshore Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos acredita que o novo ciclo de encomendas da Transpetro, anunciado na semana passada, pode representar uma revitalização significativa para a indústria naval brasileira, gerando empregos e estimulando a economia. O presidente da CSENO/Abimaq, Leandro Nunes Pinto, disse à Portos e Navios que as expectativas em relação à iniciativa são grandes, apesar de o primeiro lote prever a construção de poucas unidades.
O edital, lançado no último dia 5 de julho, tem como objetivo a aquisição de 4 navios classe Handy, de 15 mil a 18 mil toneladas, até meados de 2028. Essas primeiras unidades integram o programa de renovação e ampliação da frota da Transpetro (TP25) e estão previstas no grupo dos 16 novos navios que constam no plano estratégico da Petrobras (2024-2028). Além dos 4 Handy, outros 12, entre gaseiros e embarcações de médio porte, estão em fase de estudos junto ao setor de governança da controladora. Outros 9 têm chance de ser incluídos no próximo plano de negócios da holding. A Transpetro prevê um custo do projeto dos 25 navios próprios entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões.
“Sabemos que o número de embarcações precisa crescer, pois, para uma não só revitalização, mas sim uma manutenção das nossas capacidades de construções navais, é necessário uma escalabilidade”, analisou afirmou Pinto, que também é diretor geral de desenvolvimento de negócios da área naval da Anschütz na América Latina.
A CSENO/Abimaq espera que as futuras encomendas priorizem o conteúdo local, promovendo o desenvolvimento da cadeia de fornecimento nacional e fortalecendo a soberania industrial do país. “A Abimaq intensificou a defesa da indústria local junto ao governo federal, promovendo políticas que incentivem a construção naval e a produção de equipamentos offshore, essenciais para a soberania nacional e o fortalecimento do conteúdo local”, destacou Pinto.
Ele acrescentou que os membros da câmara setorial enxergam grandes oportunidades nos segmentos de construção e reparo naval, produção de equipamentos para a indústria de óleo e gás, e na fabricação de embarcações de apoio offshore. Segmentos emergentes como a descarbonização e a transição energética também são vistos pela CSENO como áreas promissoras, onde a inovação tecnológica e a sustentabilidade são fundamentais para capturar novas demandas do mercado.
A CSENO identifica uma série de desafios para a retomada da construção naval nos estaleiros nacionais, como a necessidade de qualificação e requalificação da mão de obra, a mobilização de recursos financeiros e logísticos, além do fornecimento de serviços, materiais e componentes nacionais.