A Marinha do Brasil, em conjunto com o Cluster Tecnológico Naval, organizou um treinamento inédito sobre sistemas anti-incrustantes, marcando um novo capítulo na gestão de bio-incrustantes no país. Realizado nos dias 4 e 5 de setembro na Diretoria de Portos e Costas (DPC), o evento reuniu especialistas e profissionais do setor, aprofundando conhecimentos em conformidade com as normas da Organização Marítima Internacional (IMO). A visita técnica ao Arsenal da Marinha no Rio de Janeiro consolidou o aprendizado prático.
A importância da gestão de bio-incrustantes e o papel da Marinha
A bio-incrustação — o acúmulo de organismos marinhos em superfícies submersas, como cascos de navios e plataformas — representa um desafio significativo tanto para a eficiência das embarcações quanto para o meio ambiente. Além de aumentar o consumo de combustível devido à resistência ao deslocamento das embarcações, a proliferação de bio-incrustantes pode causar a introdução de espécies invasoras em diferentes ecossistemas, prejudicando o equilíbrio ambiental.
A Marinha do Brasil, reconhecendo a gravidade desse problema, tem investido em tecnologias e treinamentos para melhor controlar e prevenir a bio-incrustação. O evento promovido em setembro, em parceria com o Cluster Tecnológico Naval, foi um marco nesse esforço. A união entre as duas instituições permitiu a troca de conhecimento e a promoção de práticas avançadas, alinhadas com as exigências internacionais. O treinamento também reforçou a importância de colaboração entre a indústria naval e as forças armadas no desenvolvimento de soluções inovadoras para problemas ambientais.
GloFouling: um projeto global da IMO contra a bio-incrustação
O treinamento faz parte do projeto GloFouling, uma iniciativa da Organização Marítima Internacional (IMO), que visa enfrentar os desafios causados pela bio-incrustação em embarcações e estruturas marítimas. O Brasil, ao participar desse programa, reafirma seu compromisso com a preservação ambiental e o cumprimento das melhores práticas globais no setor naval.
O evento contou com a participação da Dra. Ralitsa Mihaylova, consultora da IMO e especialista de renome internacional na gestão de bio-incrustantes. Durante o treinamento, a Dra. Ralitsa compartilhou sua vasta experiência na área, abordando desde as políticas regulatórias internacionais até as técnicas mais eficazes de combate à bio-incrustação. Sua contribuição foi essencial para enriquecer as discussões e trazer uma perspectiva global sobre o tema, alinhando o Brasil com as estratégias adotadas por outros países que enfrentam os mesmos desafios.
O projeto GloFouling, ao promover eventos como esse, fomenta a cooperação internacional e a disseminação de tecnologias inovadoras, sendo uma ferramenta crucial para garantir que os países sigam padrões ambientais cada vez mais rigorosos.
Visita técnica ao Arsenal da Marinha e aplicação prática dos conhecimentos
O segundo dia do treinamento foi dedicado à aplicação prática dos conhecimentos adquiridos. Os participantes realizaram uma visita técnica ao Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro, onde puderam observar de perto os processos de manutenção e limpeza dos cascos de navios, focando na gestão de bio-incrustantes. A atividade permitiu uma visão detalhada do funcionamento dos diques secos e de como as equipes da Marinha executam o trabalho de inspeção e remoção dos organismos marinhos que se aderem às estruturas submersas.
Os oficiais responsáveis pelo Arsenal apresentaram as práticas adotadas para garantir que os cascos das embarcações permaneçam livres de incrustações, além de demonstrarem as tecnologias utilizadas para minimizar o impacto ambiental dessas operações. A visita foi uma oportunidade única para os participantes verificarem como o aprendizado teórico pode ser aplicado no cotidiano das operações navais.
Esse intercâmbio entre teoria e prática reforçou a importância da capacitação contínua de profissionais do setor naval. Através de treinamentos como esse, o Brasil se posiciona como um dos países mais bem preparados para enfrentar os desafios da bio-incrustação, seguindo as diretrizes internacionais e adotando as melhores práticas para garantir a sustentabilidade nas operações marítimas.