Emgepron avalia que há alinhamento da empresa e da Marinha do Brasil sobre relevância dos temas, mas lista e cronogramas não podem ser divulgados previamente por questões estratégicas da força naval
A Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron) considera que está alinhada, junto à Marinha do Brasil, aos entendimentos do mercado e dos órgãos reguladores nacionais e internacionais sobre a relevância dos temas de descomissionamento e reciclagem de embarcações, civis e militares, como das demais estruturas marítimas ao final do ciclo de vida. O coordenador de construção e reparação naval e gerente de projetos da Emgepron, Valmar Pereira Cabral Júnior, disse, recentemente, que os navios da força naval que hoje estão previstos para descomissionamento e reciclagem constam numa lista classificada.
Cabral Júnior ponderou que, por se tratar de bens de defesa nacional que cumprem tarefas da Marinha, não é possível afirmar, previamente, qual navio que vai entrar no próximo projeto de baixa do serviço ativo — desmantelamento e reciclagem, embora a composição da esquadra seja de conhecimento geral. Ele disse que a demanda é perene e que tudo que é público desses processos é informado pela Marinha.
“Tanto a Marinha do Brasil quanto a Emgepron estão completamente alinhados com o novo entendimento do mercado e dos órgãos reguladores para esse assunto”, afirmou Cabral durante workshop promovido, em outubro, pelo Cenpes/Petrobras, em conjunto com o Centro de Estudos para Sistemas Sustentáveis da Universidade Federal Fluminense (CESS/UFF). Na ocasião, o coordenador da Emgepron ressaltou que os maiores navios da esquadra atualmente não chegam a 50 mil toneladas de deslocamento, não se comparando em termos de tonelagem de aço com a tonelagem do aço de plataformas e outros ativos offshore ao final da vida útil.
Cabral acredita ser possível ao Brasil ingressar no mercado de desmantelamento e reciclagem de forma ordenada, com governança bem estabelecida, regras e legislações que permitam aos stakeholders entrarem com segurança nesse assunto. Ele lembrou que no mundo somente cerca de 40 estaleiros estão certificados pelas regras de reciclagem de navios da União Europeia (1.257/2013). O coordenador citou que, desse grupo, apenas um está localizado nos Estados Unidos e nenhuma instalação ocupa território no ‘cone sul’.
Ele vê espaço para que alguns estaleiros brasileiros participem como instalações de reciclagem, dentro de um grande cluster, com indústrias siderúrgicas e empresas recicladoras. “Seria importante que no nascedouro de toda legislação que vai regulamentar esse mercado, fossem criadas condições para que um ou outro estaleiro ao longo da costa brasileira efetivamente se interessasse”, sugeriu Cabral.
A Emgepron é dedicada ao gerenciamento de projetos de interesse da Marinha do Brasil e, de forma subsidiária, também de projetos de outros entes privados ou públicos que eventualmente a convidem a participar. “Temos a ideia de inserir estaleiros e outras instalações nesse mercado de descomissionamento e reciclagem. Faz sentido quando vemos o ativo nascendo na engenharia (projetista), atendendo os requisitos, desejos e aspirações do mercado. No final, seria bom se tudo isso ou um maior percentual das unidades fosse efetivamente reciclável”, analisou.