Indústria naval do Rio de Janeiro e do Espírito Santo será beneficiada por programa de expansão da Petrobras
A Petrobras lançou hoje no Rio de Janeiro uma licitação para a compra de oito navios gaseiros. Essa é a segunda licitação do Programa de Renovação e Ampliação de Frota, que prevê a aquisição de cinco navios gaseiros do tipo pressurizado para transporte de gás liquefeito de petróleo (GLP) e três navios do tipo semirrefrigerado capazes de transportar GLP e amônia.
Uma cerimônia no Terminal de Angra dos Reis (Tebig) marcou a retomada da indústria naval e offshore brasileira. O anúncio foi feito pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, que participou do evento ao lado do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e do presidente da Transpetro, Sérgio Bacci. É esperado que os investimentos na indústria naval criem mais oportunidades para o setor.
De acordo com o coordenador-geral da Frente Única dos Petroleiros (FUP), David Bacelar, são mais de 44 mil postos de trabalho que serão gerados pela indústria naval a partir das encomendas da Petrobras. “Nós estamos falando dos estaleiros que estarão em pleno funcionamento, hoje já, com obras e encomendas para o Rio Grande do Sul, para o Espírito Santo, para Santa Catarina, mas chegaremos à Bahia, a Pernambuco, aqui ao Rio de Janeiro. Então, temos motivos de sobra para nós estarmos aqui comemorando a retomada da indústria naval, que será feita a partir da força de trabalho de cada trabalhador e trabalhadora aqui presente”, declarou.
Magda Chambriard destacou que os investimentos viabilizarão, sobretudo, as contratações de equipamentos “topsides”, que separam óleo, gás e água, construídos inicialmente no Rio e no Espírito Santo. “As encomendas aumentaram tanto que nós já estamos espraiando isso para outros estaleiros. Já são mais 3 no Rio de Janeiro e mais 2 no Espírito Santo”, destacou.
Com essa contratação, a frota de navios gaseiros da Transpetro passará de seis para 14, ampliando a capacidade de transporte de 36 milhões para até 108 milhões de litros. Sérgio Bacci anunciou que, até o ano que vem, mais 13 serão licitados. O presidente da Transpetro avaliou que o setor desenvolve economicamente as regiões onde estão instalados os estaleiros. “Além dos trabalhadores e trabalhadoras dos estaleiros, também se beneficiam o comércio, os serviços e as demais atividades daquela região, fomentando o crescimento local. É por isso que não se pode abrir mão da indústria naval”, afirmou durante discurso.
A presidente da Comissão Especial da Indústria Naval da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Célia Jordão, celebrou o anúncio de investimentos. Em 2023, a parlamentar entregou ao vice-presidente Geraldo Alckmin o Plano de Retomada da Indústria Naval e o Projeto Reciclagem Naval, documentos que incentivam a reutilização, reciclagem e desmantelamento de embarcações no estado.
“Hoje vemos que todo o trabalho que estamos fazendo no âmbito da Assembleia Legislativa não é em vão. Nós estamos acompanhando de perto todos esses movimentos, sempre pensando no melhor para a população, já que o setor tem forte potencial de geração de emprego. O anúncio de investimentos é fundamental porque sabemos que os principais beneficiados serão os trabalhadores e trabalhadoras. A retomada da indústria naval é um marco para o desenvolvimento econômico e social do Estado do Rio e do país”, ressaltou a deputada.
Segundo a Petrobras, a licitação é pública e internacional e inclui dois lotes (um para os pressurizados e outro para os semirrefrigerados). Um mesmo estaleiro ou consórcio não poderá participar da concorrência nos dois lotes.
Dos navios pressurizados, três terão capacidade de transportar sete milhões de litros e dois, 14 milhões de litros. Os semirrefrigerados podem transportar 10 milhões de litros.
Os gaseiros serão até 20% mais eficientes em termos de consumo e estarão aptos a atuar em portos eletrificados. Segundo a Petrobras, a nova frota permitirá uma redução de 30% nas emissões de gases do efeito estufa.
O Programa de Renovação e Ampliação da Frota faz parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e já fez a contratação, em janeiro deste ano, de quatro navios da classe handy.
No final do ano passado, a Petrobras contratou 12 novas embarcações de apoio marítimo (do tipo PSV), que serão construídas nos estaleiros próprios das empresas vencedoras, localizados em Santa Catarina.
A empresa ainda prevê contratar mais 20 novas embarcações – sendo 10 de apoio e resposta a emergências (as chamadas OSRVs), oito para inspeção e intervenções em sistemas submarinos (RSVs) e duas para ancoragem de plataformas (AHTS).
A Petrobras também assinou protocolos de intenção com o objetivo de viabilizar o reaproveitamento de plataformas que serão desmobilizadas. Até 2029, serão desmobilizadas 10 plataformas. O documento foi assinado por instituições da indústria que vão colaborar para o estudo, como o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Associação Brasileira das Empresas da Economia do Mar (Abeemar) e Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás Natural (IBP).
Busca de reservas de petróleo na África
A Petrobras buscar adquirir campos de petróleo em países africanos para aumentar a quantidade de reservas da estatal, que prevê declínio da produção a partir de 2030. O interesse de comprar poços principalmente em Angola, na Namíbia e na África do Sul foi informado pela diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, em Nova Délhi, na Índia.
De acordo com a diretora, a estatal brasileira está em conversas com petroleiras multinacionais, como ExxonMobil, Shell e a francesa TotalEnergies, que já são parceiras das Petrobras na produção de petróleo no Brasil.
Para a diretora, a aquisição de poços em países africanos faz sentido no portfólio da companhia. A intenção da Petrobras acontece em um momento em que a empresa busca novas fronteiras de exploração e produção de petróleo, pensando em reverter o declínio das reservas atuais, previsto para a década de 2030.
A Petrobras voltou a manter operações no continente africano no ano passado. Em 8 de fevereiro, a companhia concluiu a aquisição de participações em três blocos exploratórios em São Tomé e Príncipe, na costa ocidental da África. Em dois blocos a participação é de 45%; e no terceiro, 25%.
Em outubro de 2024, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a atuação da companhia na África do Sul, viabilizando a aquisição de participação no bloco Deep Western Orange Basin (DWOB), por meio de processo competitivo conduzido pela TotalEnergies.
De acordo com o Plano de Negócios 2025-2029 da estatal, a participação de 10% no bloco sul-africano depende de aprovação governamental local.
Matéria atualizada às 13h07 para dados sobre a África, às 16h02 para inclusão de informações sobre a cerimônia em Angra dos Reis e às 17h34 para inclusão de declaração do coordenador da FUP
Com informações da Agência Brasil e da assessoria da deputada Célia Jordão