Fornecedores veem panorama favorável para indústria em 2025

  • 31/03/2025

CSENO destaca momento do offshore e dos programas do sistema Petrobras, além de oportunidades na navegação interior e na área de defesa. Câmara setorial da Abimaq identifica desafios por conta da insegurança jurídica e instabilidade cambial

A Câmara Setorial de Equipamentos Navais e Offshore da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (CSENO/Abimaq) enxerga um panorama favorável para a indústria naval em 2025. A avaliação é que o mercado está aquecido na área offshore, com novos campos, a chegada de plataformas e expansão da frota de petroleiros e barcos de apoio marítimo, por meio dos programas da Transpetro e da Petrobras com encomendas de petroleiros, gaseiros e embarcações offshore.

O presidente da CSENO, Leandro Nunes Pinto (Anschuetz do Brasil), disse à Portos e Navios que os fornecedores estão mirando os quatro primeiros navios, classe Handy, cujo contrato já foi assinado com a Transpetro, e acompanhando os editais para gaseiros, recém-lançado, e para navios de produtos claros, que estão previstos pela subsidiária da Petrobras. Na demanda por embarcações de apoio, estão no radar projetos de construção de 12 PSVs (transporte de suprimentos, 10 OSRVs (combate a derramamento de óleo), 8 RSvs (embarcações equipadas com robôs) e 2 AHTS (manuseio de âncoras que vão operar para a Petrobras.

A companhia pretende contratar 44 embarcações até 2026, entre barcos de apoio marítimo e gaseiros, para viabilizar o atendimento às 10 novas plataformas previstas no planejamento da companhia até 2029. Pinto defende que o setor se articule para voltar a construir também embarcações de mais alta complexidade, a exemplo de PLSVs (lançamento de linhas), como num passado recente, o que tem potencial de agregar valor ao mercado.

A câmara setorial da Abimaq, que hoje conta com 142 associados, enxerga que os projetos do setor de petróleo e gás ainda têm um horizonte amplo por mais alguns anos, considerando os campos do pré-sal e os campos revitalizados, além das novas fronteiras de exploração. “Tudo bem que tem a transição energética no meio do caminho, mas existe uma ‘cauda longa’ para tocar o mercado offshore por um bom tempo”, analisou Pinto.

A CSENO/Abimaq observa possibilidades de fornecimento a partir da exploração de petróleo na Margem Equatorial, assim que toda a questão regulatória estiver equacionada. “Há pressão política agora para isso. Precisamos prospectar porque isso fará com que o Brasil cresça e, a reboque, toda a indústria naval”, comentou.

Os fornecedores veem entre os principais riscos para a indústria brasileira a insegurança jurídica e a disparidade cambial. A CSENO espera ações políticas para combater essas ameaças, já que existe receio de investidores por conta da instabilidade das regras no país, assim como o risco da flutuação do câmbio, considerando que grande parte da indústria utiliza insumos indexados em dólar. Outro desafio é a capacitação da mão de obra em setores técnicos como a engenharia.

Pinto avalia que os grupos de trabalho do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), nos quais a Abimaq e outras entidades setoriais participam, estão conseguindo criar um plano bem calcado, ouvindo os pleitos dos principais players do mercado. “Vemos outra associações participando dessas discussões e convergindo para criar uma política de Estado para a retomada. Vai depender do engajamento do governo para atender o pleito desses players. Está sendo um plano bem calcado, mas tem que ter a continuidade”, projetou.

A câmara setorial defende que, para ser sustentável, a indústria precisa de demandas contínuas ou programas que garantam a perenidade de suas atividades. Segundo Pinto, a CSENO tem procurado estreitar contato com os principais players e operadoras de petróleo e tem percebido mais interesse pelos produtos oferecidos no Brasil. Ele acredita que as oil companies e empresas responsáveis por afretamentos têm consciência de que o conteúdo local e o suporte são imprescindíveis.

“Recentemente, estreitamos esse laço com a Yinson e com a SBM. Estamos fazendo isso com outras oil companies que buscam ter referência da Abimaq no Rio de Janeiro, que tem ligação com a indústria de equipamentos offshore, como catálogo para implementar isso e manter o ciclo de vida dos seus ativos. Como suporte local para eles, está fazendo muito sentido essa busca”, ressaltou.

Há uma expectativa de ampliação de projetos na área de defesa nos próximos anos, incluindo encomendas de navios patrulha e até de novas fragatas. A indústria tem no radar a possibilidade de mais duas fragatas, 12 navios-patrulha e um navio de apoio oceânico. Esses projetos, que a força naval já demonstrou interesse publicamente em alguns eventos, no entanto, não estão confirmados. A razão é que essa perspectiva de renovação da esquadra esbarra, muitas vezes, na falta de orçamento para a Marinha do Brasil.

O presidente da CSENO/Abimaq também chamou atenção para o aumento no volume de investimentos para projetos na navegação interior. Ele observa expansão de empresas que montaram escritório para fomentar negócios para oferecer sobressalentes para a região. “Existe uma quantidade grande de players trabalhando nessas oportunidades desse segmento. Essa logística do manuseio de grãos nos rios e todo esse escoamento carrega uma indústria hidroviária que dispensa comentários”, destacou Pinto.

Fonte: Portos e Navios – Danilo Oliveira
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