Registro do momento exato em que a Lu Alckmin batiza a F201 (Foto: primeiro-sargento (FN) Pinho)

Marinha prioriza estaleiros brasileiros, diz diretor na Navalshore

  • 25/08/2025

A Marinha do Brasil vai dar prioridade a estaleiros brasileiros na construção de embarcações para seu programa de reaparelhamento, anunciou na última quinta-feira (21) o vice-almirante Marcelo Silva Gomes, diretor de gestão de programas da Força, em palestra durante a Navalshore 2025. Na ocasião, o militar apresentou o plano de modernização da Esquadra, com destaque para as fragatas da Classe Tamandaré, que estão sendo construídas no TKMS Estaleiro Brasil, em Itajaí, em Santa Catarina.

O oficial informou que uma das embarcações, a Fragata Tamandaré, já passou por testes de mar e está prestes a entrar em operação. Além dela, a Fragata Jerônimo de Albuquerque foi lançada em 8 de agosto e uma terceira já está em construção. Segundo o vice-almirante, o projeto inicial é de construção de quatro embarcações do tipo, que serão entregues até 2029, mas há perspectiva de encomenda de mais quatro.

O projeto de construção das fragatas no Brasil, informou Gomes, em parceria com a Alemanha, foi incluído no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) do governo federal e representa investimento de R$ 4,8 bilhões. Ele disse que, para executá-lo, foram gerados 23 mil empregos e destacou que o empreendimento envolve ainda o desenvolvimento de tecnologia de ponta. “É a primeira vez no Brasil que três fragatas são construídas ao mesmo tempo”, disse.

Além do das fragatas, segundo o vice-almirante, a Marinha do Brasil tem em andamento projetos para a construção do navio polar Almirante Saldanha, orçado em R$ 750 milhões e que vai gerar 15 mil empregos, 10 navios-patrulha, também com recursos do Novo PAC e investimento total de R$ 3,4 bilhões, dois barcos de apoio logístico, por R$ 1,2 bilhão, uma embarcação de instrução para formação de aspirantes da Força e treinamento de oficiais da marinha mercante, ao custo de R$ 150 milhões, e dois navios hidrográficos, por R$ 1,2 bilhão.

Apesar do volume de encomendas já planejadas, o vice-almirante Marcelo Silva Gomes disse que haverá, nos próximos anos, necessidade de construção no Brasil de mais embarcações militares, já que uma parte significativa da Esquadra é de navios antigos que estão perto do limite de seu tempo de uso. E, segundo ele, é preciso investir para ter navios capazes de cumprir a missão da Marinha de defender a costa brasileira e a Amazônia Azul, área de 5,7 milhões de quilômetros quadrados, e os 60 mil quilômetros de rios do país. “Muitos dos nossos navios estão ultrapassados”, informou o militar.

Ele destacou a importância do mar para o Brasil, lembrando que mais de 90% da produção de petróleo do país e 80% da de gás são feitos a partir de instalações marítimas. Além disso, destacou que 95% do comércio exterior brasileiro é realizado por via marítima e que o país tem grande potencial ainda não explorado para desenvolver atividades de turismo e de pesca.

Gomes explicou que reaparelhamento da Esquadra é fundamental para a fiscalização do vasto litoral brasileira e para a repressão a atividades como pesca e pesquisas ilegais no mar territorial do país, além do combate a atos de pirataria e ao tráfico de armas e de drogas. Ele destacou ainda a necessidade de fiscalização para impedir a poluição ambiental e a possibilidade de ações terroristas.

O vice-almirante anunciou ainda que, além da construção de embarcações, a Marinha investe na modernização do sistema de vigilância por radares, com equipamento de última geração. Um deles, para monitoramento da Amazônia Azul, tem capacidade de fiscalização em área de 100 milhas náuticas, correspondente a mais de 160 mil quilômetros, e outro, que será usado no monitoramento da margem equatorial, no Norte do país, terá alcance de 350 milhas, que representam mais de 560 mil quilômetros.

O militar ressaltou ainda que todos esses investimentos anunciados ainda são poucos diante da necessidade do Brasil, ainda mais quando se compara a força naval brasileira com a de outros países. “O Brasil tem a nona maior economia do mundo, mas nossa Força é a vigência quinta”, resumiu.

Portos e Navios – Nelson Moreira
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