O petroleiro é o 1º do tipo Aframax que é totalmente produzido em Pernambuco e foi fabricado em tempo recorde pelo Estaleiro Atlântico Sul
Já está no mar o primeiro navio do tipo Aframax – petroleiro de 248 metros de extensão que carrega até 120 mil toneladas de óleo cru – totalmente produzido em Pernambuco. É o Castro Alves, embarcação fabricada no Estaleiro Atlântico Sul (EAS) que está sendo submetida a testes de mar para ser entregue à Transpetro. Finalizado em tempo recorde e com índices de produtividade de padrão internacional, este navio, no entanto, também representa o início do último lote de encomendas do EAS. Por isso, será usado como um trunfo na briga por novos contratos que alonguem a vida útil do empreendimento, que emprega 3,6 mil pessoas no Complexo de Suape.
“Este é um navio simbólico. No passado, não construíamos nada desse porte. Mas este foi 100% construído aqui. Cortamos 100% do aço e fizemos 100% dos equipamentos, até a casaria, desta embarcação. E ainda registramos os melhores índices de produtividade e qualidade do Estaleiro. Este navio representa, portanto, todo o nosso aprendizado e nos deu a confiança de que podemos fazer projetos ainda melhores”, comemorou o presidente do EAS, Harro Burmann.
Ele explicou que o primeiro navio fabricado no EAS levou 48 meses ou 9 milhões de horas de trabalho para ficar pronto. O Castro Alves, no entanto, será entregue depois de 18 meses ou 1,8 milhão de horas de trabalho. Ou seja, deve ser entregue à Transpetro na primeira quinzena de abril, um mês antes do prazo combinado. “Antes, só ouvíamos falar de navio atrasado. Mas, agora, podemos chegar a um patamar de um milhão de horas ou 12 meses de produção, para entregar um navio a cada 90 dias”, garantiu Burmann, que, com isso, quer atrair novas encomendas para o EAS.
O Castro Alves é o 11º navio fabricado no empreendimento. Restam, portanto, apenas quatro embarcações da Transpetro para serem finalizadas no EAS. O trabalho deve se estender até meados do próximo ano. Depois disso, não há nada certo nos planos do estaleiro. Por isso, Burmann deve usar o Aframax como a prova de que o empreendimento tem capacidade para receber novas encomendas. Ele articula até uma visita da diretoria da Petrobras ao EAS e ao Castro Alves, visto que só a estatal deve contratar 80 plataformas, 160 navios aliviadores e 50 navios de cabotagem nos próximos 25 anos para atender à demanda do pré-sal.
A bancada de deputados de Pernambuco também deve conhecer o Castro Alves. Afinal, com a falta de encomendas da Petrobras, o EAS pediu ajuda parlamentar para aprovar leis que possam contribuir com a manutenção da indústria naval. Está em tramitação no Congresso Nacional, por exemplo, um projeto de lei que exige conteúdo local nas próximas embarcações da Petrobras e outro que pede a inclusão da indústria naval na lista de setores que terão desoneração da folha de pagamento.
“Queremos competir com as mesmas condições dos estaleiros estrangeiros”, explicou Burmann, que ainda negocia com o Ministério do Trabalho mecanismos que garantam o emprego dos 3,6 mil funcionários do EAS a partir do fim do ano, quando as demandas devem diminuir devido à finalização das encomendas da Transpetro.
Enquanto isso, o Castro Alves passa uma temporada no mar, carregado e com uma tripulação de 80 pessoas, passando por testes de velocidade, consumo e manobras. São testes que podem durar até uma semana, a fim de garantir as melhores condições de navegabilidade da embarcação, que, apesar de ser um pouco menor que os 10 Suezmax produzidos anteriormente no EAS, também deve transportar petróleo mundo afora.